No início de 2020, Deus me direcionou a refletir sobre a importância do amadurecimento espiritual e sobre o quanto era necessário abordar e enfatizar essa temática para a caminhada da nossa igreja. E foi então que Deus me deu este tema: “2020, o ano do amadurecimento”.
Esse direcionamento de Deus me foi dado nos primeiros dias do ano. Àquela altura, a realidade da pandemia ainda parecia algo distante de nós brasileiros. Tínhamos apenas escassas e desencontradas informações a respeito de um novo e perigoso vírus que surgira na China. Naquele momento, eu ainda não tinha feito nenhuma relação entre o que Deus havia compartilhado comigo e o que acontecia do outro lado do mundo, e muito menos imaginava o que iria acontecer conosco no Brasil.
Ao compartilhar comigo sobre amadurecimento, o Senhor me levou a refletir sobre a vida e o ministério do apóstolo Paulo. Ele era um homem adulto, com relevante posição social no contexto romano e judaico, mas teve de passar por um profundo e radical processo de conversão e tomada de consciência de sua imaturidade espiritual. Na carta à igreja em Filipos, Paulo deixa claro que o conhecimento de Cristo é muito superior e mais sublime do que tudo aquilo que ele havia conquistado e se tornado (Fp 3:5–8). Para ele, “ser” e “ter” não eram sinônimos de maturidade espiritual.
Pois bem, 2020 começou para nós como igreja, e uma das primeiras atividades que realizamos foi o “Jejum de Daniel”. Foram 21 dias de consagração e oração, buscando o amadurecimento no Senhor. Naqueles mesmos dias, aprovamos o nosso planejamento para o ano e muitos sonhos e projetos se colocaram diante de nós. Mas tudo mudou quando, poucas semanas depois, o distante e desconhecido vírus chegou ao Brasil e se propagou entre nós de maneira avassaladora. Fechamos a igreja e suspendemos todas as atividades presenciais. O mundo mudou, o mundo parou, mas Deus não. Ele não deixou de ser Deus e muito menos soberano sobre os tempos e as estações.
Diante das lutas, perdas e frustrações, eu gosto de citar para mim mesmo, e para as pessoas que sofrem, dois textos bíblicos: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3:1); e “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Ao citar esses versículos, minha intenção não é desmerecer a dor enfrentada e muito menos propor um conformismo alienante. Cito esses textos, e outros, primeiro, porque creio no poder da Palavra de Deus e, segundo, porque eles nos lembram da soberania e do amor do Senhor, atributos que geram paz e nos confortam.
Queridos irmãos e queridas irmãs, quero convidar a todos a olhar para este ano que se encerra com muita gratidão e temor a Deus. Só consigo enxergar 2020 como um ano de muito cuidado de Deus por nós aqui de Itaberaba. Ele nos direcionou a realizarmos um grande e sério jejum envolvendo toda a nossa comunidade, um tempo em que declaramos nossa total dependência d’Ele. Também nos direcionou a tratarmos de amadurecimento e, inquestionavelmente, é nos momentos de privação, de luta e de adversidade que mais amadurecemos. Nas palavras do apóstolo Paulo: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5:3–5).
Meu desejo é que prossigamos amadurecendo nos nossos relacionamentos, nas nossas emoções, na nossa visão de mundo e, sobretudo, na nossa dependência do Senhor. Sou grato a Deus pela oportunidade que Ele nos deu de amadurecermos n’Ele. Minha oração é para que todos e todas tenhamos aproveitado esta oportunidade. Afinal, há algumas que são únicas.
Feliz ano novo! Que venha 2021 e tudo o que o Senhor tem reservado para nós!
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin