2020, o ano do amadurecimento

Creio que um dos mai­o­res exem­plos bíbli­cos de ama­du­re­ci­men­to é a vida do após­to­lo Pau­lo. Ele, já sen­do adul­to, cheio de encar­gos e res­pon­sa­bi­li­da­des, pre­ci­sou cair do cava­lo, ou do alto da sua pre­po­tên­cia, da sua arro­gân­cia, para então reco­nhe­cer o quan­to era ima­tu­ro, o quan­to ain­da pre­ci­sa­va aprender.

As esca­mas que caí­ram de seus olhos na casa de Ana­ni­as foram mais do que um fenô­me­no físi­co. Os olhos da sua alma se abri­ram para a rea­li­da­de de quem ele era. Sau­lo pode enxer­gar sua tira­nia, sua fal­ta de amor, sua fé ima­tu­ra. Após esse epi­só­dio, Sau­lo vol­tou para Tar­so a fim de se escon­der daque­les que o per­se­gui­am, mas Bar­na­bé o havia conhe­ci­do em Jeru­sa­lém e sabia do poten­ci­al daque­le cen­tu­rião. Assim, Bar­na­bé foi até Tar­so em bus­ca daque­le dis­cí­pu­lo pro­mis­sor, e pas­sou a dis­ci­pu­lá-lo (At 11:25–26).

Ape­sar de ser quem era, Pau­lo tinha mui­to o que apren­der. Na ver­da­de, ele pró­prio che­ga a essa con­clu­são: “Cir­cun­ci­da­do ao oita­vo dia, da linha­gem de Isra­el, da tri­bo de Ben­ja­mim, hebreu de hebreus; segun­do a lei, fui fari­seu; segun­do o zelo, per­se­gui­dor da igre­ja; segun­do a jus­ti­ça que há na lei, irre­pre­en­sí­vel. Mas o que para mim era ganho reputei‑o per­da por Cris­to. E, na ver­da­de, tenho tam­bém por per­da todas as coi­sas, pela exce­lên­cia do conhe­ci­men­to de Cris­to Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a per­da de todas estas coi­sas, e as con­si­de­ro como escó­ria, para que pos­sa ganhar a Cris­to” (Fp 3:5–8). Como par­te do seu pro­ces­so de ama­du­re­ci­men­to espi­ri­tu­al, Pau­lo iden­ti­fi­ca que todos os seus atri­bu­tos e títu­los são para ele “escó­ria”.

Ape­sar da ida­de adul­ta, ape­sar de ser um estu­di­o­so da Pala­vra, ape­sar de ser um cum­pri­dor da lei, Pau­lo tinha uma fé ima­tu­ra, pois ele não pas­sa­va de um reli­gi­o­so que não era capaz de com­pre­en­der e, prin­ci­pal­men­te, de viven­ci­ar a gra­ça de Deus.

Mui­tas vezes é assim que nos encon­tra­mos na nos­sa cami­nha­da de fé, cum­pri­do­res de uma agen­da e de uma esté­ti­ca reli­gi­o­sa, mas ain­da inca­pa­zes de com­pre­en­der a pro­fun­di­da­de da reve­la­ção do Evan­ge­lho que aco­lhe, trans­for­ma e liber­ta. Des­se modo, tor­na­mo-nos incons­tan­tes e vaci­lan­tes na nos­sa fé, prin­cí­pi­os e esco­lhas. Pes­so­as ima­tu­ras não são capa­zes de per­ma­ne­cer, de resis­tir, de ser resi­li­en­tes. A pro­va de que Pau­lo enten­deu que pre­ci­sa­va ama­du­re­cer, e bus­cou isso, é a sua com­pro­va­da capa­ci­da­de de per­ma­ne­cer fir­me no pro­pó­si­to de Deus. A pri­são, o nau­frá­gio, a tor­tu­ra, a imi­nên­cia da mor­te não o fize­ram retro­ce­der em sua fé, ati­tu­de pró­pria de quem é maduro.

Em 2020, esta­mos sen­do desa­fi­a­dos a ama­du­re­cer em todas as áre­as da nos­sa vida, mas prin­ci­pal­men­te na nos­sa fé. Que pos­sa­mos, assim como Pau­lo, reco­nhe­cer, em pri­mei­ro lugar, que nos­sa matu­ri­da­de inte­lec­tu­al, nos­sa posi­ção soci­al ou outros atri­bu­tos que con­si­de­ra­mos madu­ros – sejam com­por­ta­men­tais ou soci­ais – nem sem­pre se equi­va­lem à nos­sa matu­ri­da­de espi­ri­tu­al, sem a qual não temos a sabe­do­ria indis­pen­sá­vel para viver­mos da manei­ra que agra­da a Deus.

Que o mar­co des­te ano seja de fato nos­so cres­ci­men­to e ama­du­re­ci­men­to espiritual.

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valentin

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