Esta é uma pergunta interessante. Uma questão teológica ou uma provocação filosófica? Talvez uma pergunta pra ateu ou agnóstico nenhum botar defeito. De acordo com o teólogo suíço Emil Brunner, a resposta a essa questão é a seguinte: “Não! Deus não existe. O que existe são as montanhas, as árvores, as pedras. Deus não é uma coisa entre outras coisas. Deus não existe. Deus é!”. Ou o que disse o filósofo francês Quentin Meillassoux por meio do seu conceito da “inexistência divina”, segundo o qual “ainda não existe Deus, o que não significa que Ele seja impossível”.
O desconhecido suplanta o conhecido. Aquilo que não conseguimos enxergar explica o que podemos enxergar. E esse mistério desconhecido e invisível é intencional e pessoal. Intencional, pois há uma coerência, uma finalidade junto às experiências de vida; e pessoal, porque existe uma conexão que é maior do que aquilo que eu sou. Deus é mais do que eu, não menos, em tudo, principalmente nos elementos invisíveis dos quais tomamos consciência, como amar, pensar, crer, confiar etc.
É decepcionante admitir que não somos o centro do universo. Saber que precisamos sair do nosso estado infantil (não o cronológico, mas o intelectual ascético), entender que nossas necessidades, nosso apetite, nosso bem-estar, nosso conforto, aquilo que nos torna deuses e deusas, adorados, cultuados e servidos, se destrói quando admitimos que existe um Deus; portanto, é melhor dizer que Ele não existe. O Ser infinito é maior do que eu, que sou finito. Deus é infinitamente mais do que tudo que pedimos ou pensamos. Deus não é só um substantivo. Ele é! Também é verbo, porque Ele disse (ou diz).
Não importa de qual ângulo observamos o mundo, se pelas variáveis científicas ou religiosas, no âmbito da fé ou da razão. Existe um ponto de confluência a partir das experiências fundamentais descrevendo que há uma força, um poder ou uma energia inefável que tudo sustenta. Muitos o chamam de Ser Superior, ou Poder Absoluto, que equilibra todo o universo, mas eu prefiro chamar de Deus. E esse Deus, desconhecido por muitos, negado por outros, quer relacionar-Se conosco, pois essa é a Sua essência relacional e coexistente, já que o invisível só pode falar por meio do perceptível.
Assim como o apóstolo Paulo declarou, é esse Deus que eu quero anunciar e com o qual desejo me relacionar, pois Ele é tudo em todos. Jesus Cristo, o Deus Encarnado, disse a Tomé: “Felizes os que não viram, mas assim mesmo creram” (Jo 20:29).
Pastor Israel A. Rocha