Deus existe?

A Cri­a­ção de Adão”, por Miche­lan­ge­lo (1508–15)

Esta é uma per­gun­ta inte­res­san­te. Uma ques­tão teo­ló­gi­ca ou uma pro­vo­ca­ção filo­só­fi­ca? Tal­vez uma per­gun­ta pra ateu ou agnós­ti­co nenhum botar defei­to. De acor­do com o teó­lo­go suí­ço Emil Brun­ner, a res­pos­ta a essa ques­tão é a seguin­te: “Não! Deus não exis­te. O que exis­te são as mon­ta­nhas, as árvo­res, as pedras. Deus não é uma coi­sa entre outras coi­sas. Deus não exis­te. Deus é!”. Ou o que dis­se o filó­so­fo fran­cês Quen­tin Meil­las­soux por meio do seu con­cei­to da “ine­xis­tên­cia divi­na”, segun­do o qual “ain­da não exis­te Deus, o que não sig­ni­fi­ca que Ele seja impossível”.

O des­co­nhe­ci­do suplan­ta o conhe­ci­do. Aqui­lo que não con­se­gui­mos enxer­gar expli­ca o que pode­mos enxer­gar. E esse mis­té­rio des­co­nhe­ci­do e invi­sí­vel é inten­ci­o­nal e pes­so­al. Inten­ci­o­nal, pois há uma coe­rên­cia, uma fina­li­da­de jun­to às expe­ri­ên­ci­as de vida; e pes­so­al, por­que exis­te uma cone­xão que é mai­or do que aqui­lo que eu sou. Deus é mais do que eu, não menos, em tudo, prin­ci­pal­men­te nos ele­men­tos invi­sí­veis dos quais toma­mos cons­ci­ên­cia, como amar, pen­sar, crer, con­fi­ar etc.

É decep­ci­o­nan­te admi­tir que não somos o cen­tro do uni­ver­so. Saber que pre­ci­sa­mos sair do nos­so esta­do infan­til (não o cro­no­ló­gi­co, mas o inte­lec­tu­al ascé­ti­co), enten­der que nos­sas neces­si­da­des, nos­so ape­ti­te, nos­so bem-estar, nos­so con­for­to, aqui­lo que nos tor­na deu­ses e deu­sas, ado­ra­dos, cul­tu­a­dos e ser­vi­dos, se des­trói quan­do admi­ti­mos que exis­te um Deus; por­tan­to, é melhor dizer que Ele não exis­te. O Ser infi­ni­to é mai­or do que eu, que sou fini­to. Deus é infi­ni­ta­men­te mais do que tudo que pedi­mos ou pen­sa­mos. Deus não é só um subs­tan­ti­vo. Ele é! Tam­bém é ver­bo, por­que Ele dis­se (ou diz).

Não impor­ta de qual ângu­lo obser­va­mos o mun­do, se pelas variá­veis cien­tí­fi­cas ou reli­gi­o­sas, no âmbi­to da fé ou da razão. Exis­te um pon­to de con­fluên­cia a par­tir das expe­ri­ên­ci­as fun­da­men­tais des­cre­ven­do que há uma for­ça, um poder ou uma ener­gia ine­fá­vel que tudo sus­ten­ta. Mui­tos o cha­mam de Ser Supe­ri­or, ou Poder Abso­lu­to, que equi­li­bra todo o uni­ver­so, mas eu pre­fi­ro cha­mar de Deus. E esse Deus, des­co­nhe­ci­do por mui­tos, nega­do por outros, quer rela­ci­o­nar-Se conos­co, pois essa é a Sua essên­cia rela­ci­o­nal e coe­xis­ten­te, já que o invi­sí­vel só pode falar por meio do perceptível.

Assim como o após­to­lo Pau­lo decla­rou, é esse Deus que eu que­ro anun­ci­ar e com o qual dese­jo me rela­ci­o­nar, pois Ele é tudo em todos. Jesus Cris­to, o Deus Encar­na­do, dis­se a Tomé: “Feli­zes os que não viram, mas assim mes­mo cre­ram” (Jo 20:29).

Pas­tor Isra­el A. Rocha

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