Sim, o ano está acabando, já, já estaremos nos preparando para o Natal e logo chegaremos a 2020. Mas já? Pois é. O que eu mais tenho ouvido são frases do tipo: “Como o tempo está passando rápido!”; “Não vi este ano passar”. E você? Está conseguindo acompanhar esse ritmo?
Nossa batalha é tentar conciliar nossas expectativas e desejos com as folhinhas do calendário. Propusemo-nos ou precisávamos fazer tantas coisas este ano, mas parece que sempre estamos atrasados e em dívida. E nem sempre o momento da nossa vida é compatível com o tempo marcado pelo relógio ou pelo calendário.
Essa frustração por não conseguirmos acompanhar o ritmo do relógio, ou por não termos conseguido até agora realizar o que pretendíamos em 2019, abate nossa alma e pesa no nosso espírito. Por isso, embora estejamos no fim de 2019, podemos ainda estar passando por uma fase que começou, por exemplo, no ano passado. O desejo de resolver, de virar a página na nossa história muitas vezes nos consome, nos angustia e pode até nos deprimir.
Vale então trazermos à nossa memória o princípio divino, revelado nas Escrituras, de que o nosso tempo nem sempre é o tempo de Deus. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3:1). Este versículo nos apresenta dois conceitos de “tempo” distintos: chronos e kairós. “Tudo tem o seu chronos determinado, e há um kairós para todo propósito”. Existe um tempo cronológico no qual vivemos e, dentro dele, um momento oportuno para que se cumpram os propósitos de Deus.
Portanto, lidamos com duas categorias de tempo que coexistem: o cronológico – chronos – e o tempo oportuno para o cumprimento dos propósitos de Deus – kairós. Chronos serve inicialmente para a designação formal de um espaço de tempo ou de um ponto no tempo; refere-se ao tempo sequencial, que pode ser medido. Já o kairós é a forma qualitativa do tempo, ou “o tempo de Deus”, o tempo que não pode ser medido. É o tempo da oportunidade, livre do peso das cargas que se passam e da ansiedade das coisas que acontecem antes do que deveriam. Manifesta-se sempre no presente, instante após instante.
Não temos como fugir do chronos, que é inevitável e faz parte da nossa vida, do nosso cotidiano. As horas, os dias, os séculos já estão determinados, mas o modo como Deus vai manifestar Sua vontade e, principalmente, quando Ele o fará, isso não está preso ao calendário. Por essa razão, não devemos nos angustiar diante da velocidade com que o tempo está passando. O mais importante para nós é estarmos atentos ao tempo, ao propósito, ao kairós de Deus. Por isso, ainda que estejamos no fim do ano, talvez ainda dê tempo de vivermos o propósito do Senhor em nossa vida.
Para viver o propósito de Deus, a data no calendário não é o mais importante. O que faz mesmo a diferença é o quanto cremos e desejamos viver a plenitude da Sua vontade. Por isso, ainda dá tempo de você mudar sua atitude, de ter um novo olhar sobre si mesmo(a), sobre as pessoas, sobre a vida. Ainda dá tempo de romper com bloqueios, achismos e falsas verdades para desfrutar do melhor de Deus hoje. Ainda dá tempo de pedir perdão, de tomar aquele café, de fazer aquela visita. Ainda dá tempo de ser livre em Cristo Jesus!
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin