Já estamos caminhando para o fim do mês julho, já é o segundo semestre e já, já estaremos falando de Natal! Como o tempo está indo rápido! O ano já passa da metade! E você? Está conseguindo acompanhar esse ritmo?
Um dos efeitos colaterais da pandemia foi influenciar nossa percepção da passagem do tempo. As restrições à socialização e ao modo de comemorarmos algumas datas festivas como estávamos acostumados alteraram nossa forma de “sentir o tempo passar”. Além disso, esse cenário pandêmico que caminha para um ano e meio nos dá a sensação de que as coisas não estão mudando, de que as horas não estão passando. A impressão que fica é que estamos presos a um contexto, a um “tempo”.
Por isso, nosso desafio de tentar conciliar nossas expectativas e desejos com as folhinhas do calendário se torna ainda mais hercúleo. Queremos ou precisamos fazer tantas coisas, mas parece que estamos constantemente atrasados e em dívida. E nem sempre o momento da nossa vida é compatível com o tempo marcado pelo relógio ou pelo calendário. A vida é feita de ciclos, de fases, e tais fases têm o seu tempo para começar e para terminar.
Vale então trazermos à memória o princípio bíblico de que o nosso tempo nem sempre é o tempo de Deus. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3:1). Este versículo nos apresenta dois conceitos de “tempo” distintos: chronos e kairós. “Tudo tem o seu chronos determinado, e há um kairós para todo propósito”.
Portanto, lidamos com duas categorias de tempo que coexistem: o cronológico – chronos – e o tempo oportuno para o cumprimento dos propósitos de Deus – kairós. O chronos serve inicialmente para a designação formal de um espaço de tempo e se refere ao tempo sequencial, que pode ser medido. Já o kairós é a forma qualitativa do tempo, ou “o tempo de Deus”, o tempo que não pode ser medido. É o tempo da oportunidade, livre do peso das cargas que se passam e da ansiedade das coisas que acontecem antes do que deveriam; manifesta-se sempre no presente, instante após instante.
Não temos como fugir do chronos, que é inevitável e faz parte da nossa vida, do nosso cotidiano. As horas, os dias, os séculos já estão determinados, mas o modo como Deus vai manifestar Sua vontade, e, principalmente, quando Ele o fará, isso não está preso ao calendário. Por essa razão, não devemos nos angustiar nem diante da velocidade com que o tempo está passando, nem diante do sentimento de que estamos presos no tempo. O mais importante para nós é estarmos atentos ao tempo, ao propósito, ao kairós de Deus.
Muitas vezes nos pegamos tentando freneticamente vencer o relógio. Corremos, nos esforçamos e abrimos mão de uma boa qualidade de vida porque queremos dar conta de tudo. O mais triste é que, caso estejamos fora do propósito de Deus, podemos até cumprir de alguma forma todas as exigências que o tempo nos impõe, mas ainda assim nos sentiremos frustrados.
Nosso chronos atual está sendo marcado pela pandemia. Não podemos simplesmente acelerar o tempo para o maravilhoso dia em que será declarado o fim desse mal, mas uma coisa podemos fazer que é discernir e viver o kairós de Deus para esse tempo, pois Ele é o mesmo ontem, hoje e será eternamente.
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin