O propósito da Igreja

Con­vém que ele cres­ça e que eu dimi­nua” (João 3:30).

Vive­mos em tem­pos de uma espi­ri­tu­a­li­da­de mar­ca­da pelo antro­po­cen­tris­mo e pelo ego­cen­tris­mo, con­cei­tos segun­do os quais o homem é o ser em evi­dên­cia. O pri­mei­ro se refe­re à cren­ça de que a cri­a­ção foi fei­ta expres­sa­men­te para o homem; o segun­do qua­li­fi­ca quem demons­tra pre­o­cu­pa­ção ape­nas com os seus pró­pri­os assun­tos ou age somen­te em fun­ção se si mes­mo. Dize­mos que há uma espi­ri­tu­a­li­da­de sen­do difun­di­da com base no antro­po­cen­tris­mo e no ego­cen­tris­mo em razão do que vemos e assis­ti­mos nas prá­ti­cas reli­gi­o­sas do nos­so tem­po: em mui­tos luga­res a men­sa­gem que é pre­ga­da é vol­ta­da para o homem; as músi­cas enal­te­cem ou visam o bene­fí­cio do ser huma­no; Deus está a ser­vi­ço e à dis­po­si­ção dos capri­chos huma­nos; a igre­ja tor­nou-se um espa­ço ao qual as pes­so­as vão para terem suas neces­si­da­des satis­fei­tas; e o cul­to é para que seus fre­quen­ta­do­res se sin­tam bem e felizes.

A ideia de que as pes­so­as são o cen­tro da igre­ja e que seus pro­ble­mas são mai­o­res ou os úni­cos exis­ten­tes é pro­du­to des­sa espi­ri­tu­a­li­da­de dis­tor­ci­da e mun­da­na. Ouvi­mos fra­ses do tipo: “Hoje não gos­tei do cul­to”, como se o cul­to fos­se para nos agra­dar; “Não vou mais à igre­ja por­que as pes­so­as não se lem­bram de mim” – mas será que quem não se sen­te lem­bra­do se lem­bra dos outros?; “Estou bra­vo com Deus por­que Ele não faz o que eu que­ro” – mas quem é o ser­vo e quem é o senhor afi­nal? Tudo isso nos pare­ce cho­can­te e estra­nho. No entan­to, essa rea­li­da­de está mui­to mais pró­xi­ma de nós do que pode­mos imaginar.

Todo esse cená­rio des­vir­tu­a­do é um gran­de con­tras­sen­so dian­te da pro­pos­ta do Evan­ge­lho, pela qual Cris­to é o cabe­ça, o cen­tro, a moti­va­ção e a essên­cia de todas as coi­sas, mas prin­ci­pal­men­te da igre­ja. A igre­ja não foi fei­ta para aten­der as neces­si­da­des das pes­so­as, mas para ser­vir como um espa­ço de ado­ra­ção a Deus e de ser­vi­ço ao pró­xi­mo. Essa ado­ra­ção e esse ser­vi­ço se dão de diver­sas manei­ras, inclu­si­ve por meio da comu­nhão, da aju­da ao pró­xi­mo, do cami­nhar jun­tos. Mas tudo isso se dá por­que que­re­mos fazer o melhor para Deus e por Ele. Cris­to sem­pre é e sem­pre será a moti­va­ção de todas as coi­sas que faze­mos para Deus ou para alguém.

Pre­ci­sa­mos urgen­te­men­te que­brar em nos­sos pen­sa­men­tos e prá­ti­cas a lógi­ca de que Deus está a nos­so ser­vi­ço e, con­se­quen­te­men­te, a ser­vi­ço da igre­ja. Além de com­ple­ta­men­te equi­vo­ca­da, essa visão gera nas pes­so­as o fal­so sen­ti­men­to de que elas são injus­ti­ça­das, des­pres­ti­gi­a­das e excluí­das. Todos e todas que pen­sam e agem des­sa for­ma nada mais são do que víti­mas da ação de Sata­nás, cujo inten­to é fazer com que quei­ra­mos assu­mir o lugar de hon­ra, que é de Deus. Se qui­ser­mos reco­nhe­ci­men­to, aten­ção e vene­ra­ção mai­o­res do que os que devem ser pres­ta­dos ao Senhor, dei­xa­re­mos de ado­rá-Lo como o cen­tro de nos­sas vidas.

Que pos­sa­mos ter o mes­mo sen­ti­men­to que hou­ve em Cris­to Jesus: “Pois ele, sub­sis­tin­do em for­ma de Deus, não jul­gou como usur­pa­ção o ser igual a Deus; antes, a si mes­mo se esva­zi­ou, assu­min­do a for­ma de ser­vo, tor­nan­do-se em seme­lhan­ça de homens; e, reco­nhe­ci­do em figu­ra huma­na, a si mes­mo se humi­lhou, tor­nan­do-se obe­di­en­te até à mor­te e mor­te de cruz” (Fp 2:6–8).

Fra­ter­nal­men­te,

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valen­tin, pastor

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