Quebre seus ídolos

Dagom, ído­lo dos filis­teus,
caí­do dian­te da arca do Senhor (1 Sm 5)

Na dou­tri­na cató­li­ca apos­tó­li­ca roma­na, ama­nhã, dia 12 de outu­bro, come­mo­ra-se no Bra­sil o dia de sua padro­ei­ra. A ima­gem de Maria, mãe de Jesus, é vene­ra­da e tida como pro­te­to­ra do país. Para mui­tos que não seguem essa cren­ça, a ênfa­se des­sa data é dada às cri­an­ças, pois no mes­mo dia se come­mo­ra o Dia das Crianças.

Para nós, pro­tes­tan­tes, a ado­ra­ção a Maria é sem­pre vis­ta com maus olhos, pois con­fli­ta com o cer­ne da nos­sa prá­ti­ca de fé cris­to­cên­tri­ca, a qual apre­goa que Jesus é o cen­tro da nos­sa vida e o úni­co medi­a­dor entre nós e Deus. Quem quer que se colo­que entre nós e o Pai, além de Jesus, deve ser des­car­ta­do e igno­ra­do. Infe­liz­men­te, obser­vam-se inú­me­ros pro­tes­tan­tes rea­gin­do con­tra a ido­la­tria de manei­ra mui­to agres­si­va, clas­si­fi­can­do o cato­li­cis­mo como uma reli­gião que cega as pes­so­as, uma fal­sa reli­gião de gen­te igno­ran­te e coi­sas do gêne­ro. Con­tu­do, se a ido­la­tria não deve ser pra­ti­ca­da, a into­le­rân­cia mui­to menos.

Mas seria a ido­la­tria uma exclu­si­vi­da­de cató­li­ca? Com cer­te­za, não. Den­tro do uni­ver­so evan­gé­li­co, há mui­tos “padro­ei­ros” e “padro­ei­ras” dos cren­tes. São can­to­res, gru­pos, pas­to­res, após­to­los e igre­jas intei­ras con­si­de­ra­dos supe­ri­o­res. Tais pes­so­as e gru­pos teri­am um rela­ci­o­na­men­to espe­ci­al ou supe­ri­or com Deus e todos que a eles estão asso­ci­a­dos seri­am bene­fi­ci­a­dos por essa supos­ta pre­di­le­ção de Deus. Por trás de toda essa ido­la­tria, há uma moti­va­ção mai­or, que é o dinhei­ro. Um ído­lo gera mui­tas divi­sas, pois quem é idó­la­tra faz ques­tão de seguir seu ído­lo e, prin­ci­pal­men­te, faz ques­tão de adqui­rir tudo que o apro­xi­me dele. Pode­mos afir­mar, com toda a cer­te­za, que a pro­mo­ção da ido­la­tria não é a fé, mas sim o dinheiro.

Ído­lo, por defi­ni­ção, é a ima­gem de uma fal­sa divin­da­de. Tudo o que não leva à ver­da­de, que é Cris­to, deve ser revis­to em nos­sas prá­ti­cas reli­gi­o­sas. A ido­la­tria de fato não é algo agra­dá­vel a Deus, seja a uma escul­tu­ra de ges­so, seja a um can­tor ou can­to­ra gos­pel, seja a um líder reli­gi­o­so. Mui­tas vezes, faze­mos do pró­prio Deus o nos­so ído­lo, ao achar­mos que Ele é alguém que tem de satis­fa­zer todas as nos­sas von­ta­des e capri­chos. Assim, paga­mos a pro­mes­sa que for neces­sá­ria para alcan­çar­mos a gra­ça dese­ja­da, e Deus pas­sa a ser ape­nas um meio, um ído­lo. Para con­se­guir o que que­re­mos, nós O trans­for­ma­mos num amuleto.

O que dizer então de quem ido­la­tra seu mari­do ou sua espo­sa, seus filhos ou até mes­mo o dinhei­ro ou o poder que con­quis­tou? Infe­liz­men­te não é inco­mum encon­trar­mos pes­so­as que colo­cam seus entes que­ri­dos ou seus bens num pedes­tal, ou, se pre­fe­rir, num altar, e os endeu­sam, colo­can­do-os aci­ma de seus prin­cí­pi­os, de seus valo­res e até da sua pró­pria fé. Essa ido­la­tria é tão dolo­sa e equi­vo­ca­da quan­to aque­la rela­ci­o­na­da à religiosidade.

Entre­tan­to, o prin­ci­pal ído­lo de nos­sas vidas é o nos­so eu. Na bus­ca por satis­fa­zer nos­sas von­ta­des e pra­ze­res, aten­de­mos a todo impul­so da nos­sa car­ne. Somos idó­la­tras de nós mes­mos quan­do não acei­ta­mos um não como res­pos­ta, quan­do não admi­ti­mos que nos­sa von­ta­de não seja fei­ta, quan­do nem pas­sa por nos­sa cabe­ça que as coi­sas podem fugir do nos­so con­tro­le. A ido­la­tria a coi­sas, pes­so­as, luga­res ou ao nos­so eu pre­ci­sa ser aban­do­na­da. Para isso, há um só cami­nho: bus­car, por meio de Cris­to, o úni­co e ver­da­dei­ro Deus que mere­ce nos­sa ado­ra­ção, o Cri­a­dor dos céus e da ter­ra, o Senhor dos Senho­res, o Rei dos Reis, o autor e con­su­ma­dor da nos­sa fé!

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valentin

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