Você é filho(a)!

O Batis­mo de Jesus”, por Jor­ge Coc­co Santángelo

Este é o meu Filho ama­do, em quem me agra­do” (Mateus 3:17b).

No meu pon­to de vis­ta, o ver­sí­cu­lo que abre esta pas­to­ral é uma das expres­sões mais enig­má­ti­cas da Bíblia. O con­tex­to é o batis­mo de Jesus. Ele Se apro­xi­ma de Seu pri­mo, o pro­fe­ta João Batis­ta, às mar­gens do Rio Jor­dão. João hesi­ta em bati­zá-Lo, por não se sen­tir dig­no, mas Jesus diz que tal ato é impres­cin­dí­vel para o Seu minis­té­rio. Na sequên­cia dos acon­te­ci­men­tos, o impas­se será esclarecido.

Pois bem, João acei­ta bati­zar seu pri­mo mais novo. Jesus entra no rio, pos­si­vel­men­te, com a água até a cin­tu­ra. João se posi­ci­o­na e sub­mer­ge Jesus. Quan­do ele sai da água, o cená­rio se modi­fi­ca e o silên­cio toma con­ta do lugar. De manei­ra extra­or­di­na­ri­a­men­te sobre­na­tu­ral, o Espí­ri­to de Deus sur­ge entre as nuvens em for­ma de pom­ba. Então o silên­cio é que­bra­do por uma voz que diz: “Este é o meu Filho ama­do, em quem me agra­do”. Uma fra­se rela­ti­va­men­te cur­ta, mas extre­ma­men­te pro­fun­da e car­re­ga­da de significado.

Pri­mei­ra­men­te, Deus não cha­ma Jesus de ser­vo, de mes­tre, de senhor, mas O cha­ma de Filho. Ou seja, Deus dei­xa cla­ro em quais ter­mos Se rela­ci­o­na com Jesus. Há entre Eles uma rela­ção de pater­ni­da­de e fili­a­ção. Da mes­ma for­ma, é assim que Deus dese­ja rela­ci­o­nar-Se conos­co. Ele não nos vê como ser­vos, como mem­bros da igre­ja, mas sim como filhos e filhas que são ama­dos e ama­das por seu Pai, assim como fez ques­tão de dei­xar cla­ro quan­do dis­se “meu Filho amado”.

Enten­der isso é mara­vi­lho­so, pois um filho ou uma filha jamais dei­xa de ser filho ou filha de seu pai. Não exis­te “ex-filho(a)”. Quan­do Deus opta por rela­ci­o­nar-Se conos­co como Pai, Ele está dizen­do que não há nada que pos­sa nos sepa­rar d’Ele. Nem mes­mo o peca­do pode fazer isso, des­de que o con­fes­se­mos. O sen­ti­men­to que liga um pai a um(a) filho(a) é exa­ta­men­te o amor que gera o per­dão, a paci­ên­cia, o cui­da­do, o altruísmo.

Então temos a segun­da par­te da expres­são pro­fe­ri­da pelo Pai: “em quem me agra­do”. Deus decla­ra que Se agra­da de Seu Filho, isto é, está satis­fei­to, está agra­de­ci­do, está feliz com Seu Filho. Mas feliz com quê? O que Jesus tinha fei­to para o Pai Se agra­dar d’Ele? Isso é mara­vi­lho­so: Jesus não tinha fei­to abso­lu­ta­men­te nada para dei­xar Seu Pai satis­fei­to. Deus Se agra­dou com o sim­ples fato de Jesus ser Seu Filho – “só isso” e “tudo isso”!

Como eu dis­se ante­ri­or­men­te, seguin­do os acon­te­ci­men­tos rela­ta­dos no Evan­ge­lho, a hesi­ta­ção de João e a insis­tên­cia de Jesus se escla­re­cem. João não se sen­tia dig­no de bati­zar Jesus. Como ele mes­mo dis­se, não se sen­tia dig­no nem mes­mo de car­re­gar as san­dá­li­as de Jesus (Mt 3:11). Mas o fato é que nin­guém é dig­no de rece­ber Jesus. Quan­do o Pai diz que já está satis­fei­to com o Filho antes mes­mo que Ele tenha rea­li­za­do qual­quer mila­gre, pre­ga­ção, ou tare­fa, Deus está dizen­do que é por cau­sa de Seu amor, e não pelo que faze­mos para Ele. Ou seja, o que tor­nou João dig­no de bati­zar o Cor­dei­ro, o que nos tor­na dig­nos de rece­ber Jesus em nos­sos cora­ções é úni­ca e exclu­si­va­men­te o amor do Pai.

Quan­do toma­mos do cor­po e do san­gue de Jesus no sacra­men­to da Ceia, reno­va­mos, refor­ça­mos e tes­te­mu­nha­mos nos­sa fili­a­ção com o Pai. Não somos dig­nos, não mere­ce­mos, mas, por ser­mos Seus filhos(as) amados(as), Ele Se agra­da com cada um e cada uma de nós.

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valentin

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