Pessimista ou otimista?

Um olhar oti­mis­ta (“O Retor­no de Josué e Cale­be”, da Soci­ety for Pro­mo­ting Chris­ti­an Kno­wled­ge de Lon­dres, c.1880)

Pessi­mis­mo e oti­mis­mo são dis­po­si­ções comuns no nos­so dia a dia. Em geral, uti­li­za­mos essas expres­sões para clas­si­fi­car e ava­li­ar dife­ren­tes situ­a­ções que pas­sa­mos na vida. Con­tu­do, aque­les que cre­em em Cris­to Jesus vivem com base em outra pers­pec­ti­va, pois basei­am suas esco­lhas e deci­sões na fé.

Segun­do o dici­o­ná­rio Auré­lio, “pes­si­mis­mo”, no âmbi­to filo­só­fi­co, refe­re-se ao “cará­ter das dou­tri­nas meta­fí­si­cas ou morais que afir­mam a supre­ma­cia do mal sobre o bem e cos­tu­mam levar à ado­ção de uma ati­tu­de geral de esca­pis­mo, imo­bi­lis­mo ou con­for­mis­mo”. Por­tan­to, se o pes­si­mis­mo é a noção de que o mal é mais for­te do que o bem, de que as coi­sas ruins supe­ram as coi­sas boas, pode­mos con­cluir, com base no que sabe­mos e enten­de­mos da Pala­vra de Deus, que um cris­tão ser pes­si­mis­ta é um contrassenso.

O rela­to da vol­ta dos espi­as (Nm 13 e 14) sim­bo­li­za bem o cará­ter e a ati­tu­de de quem con­fia em Deus e de quem é pes­si­mis­ta. Dos doze, ape­nas dois, Cale­be e Josué, obser­va­ram a ter­ra que esta­vam por con­quis­tar com um olhar oti­mis­ta, pois con­fi­a­vam na pro­mes­sa de Deus e tinham fé de que con­quis­ta­ri­am a ter­ra pro­me­ti­da. Infe­liz­men­te, como a mai­o­ria dos espi­as tinha um sen­ti­men­to pes­si­mis­ta dian­te da con­quis­ta, o povo se ame­dron­tou e não entrou na ter­ra. Assim como pro­põe a defi­ni­ção do Auré­lio, quem é pes­si­mis­ta sem­pre quer esca­par dos desa­fi­os, não tem cora­gem de se movi­men­tar em dire­ção à von­ta­de de Deus e acei­ta pas­si­va­men­te a situ­a­ção como ela é.

Vive­mos tem­pos tene­bro­sos, mar­ca­dos por extre­mis­mos e into­le­rân­cia, no qual falas e posi­ções refe­ren­tes à pan­de­mia, sejam elas pes­si­mis­tas ou oti­mis­tas, logo são cor­re­la­ci­o­na­das a posi­ci­o­na­men­tos polí­ti­cos ou ide­o­ló­gi­cos. Para mim, uma das gran­des ques­tões em tor­no da pan­de­mia é como deve­mos olhar para a cri­se gera­da por ela e, prin­ci­pal­men­te, o que fare­mos dian­te dela.

Se pre­ga­mos e vive­mos a fé cris­tã, nos­so olhar deve ser sem­pre para além das cir­cuns­tân­ci­as. Há quem diga que essa pos­tu­ra é peri­go­sa, pois ali­e­na as pes­so­as, e que o mais cor­re­to é ser­mos rea­lis­tas. Con­tu­do, não é isso o que nos pro­põe a Pala­vra de Deus, “vis­to que anda­mos por fé e não pelo que vemos”. (2 Co 5:7). A maté­ria-pri­ma da nos­sa vida não é a rea­li­da­de, mas sim a fé em um Deus que pode todas as coi­sas e está no con­tro­le de tudo. Con­fi­a­mos n’Ele e sabe­mos que Ele nos sustenta.

Con­fi­an­tes em Deus, pode­mos nos posi­ci­o­nar com cora­gem e entrar na ter­ra pro­me­ti­da, pois ela nos foi des­ti­na­da por Deus. Dian­te das cri­ses, deve­mos ser os prin­ci­pais agen­tes de trans­for­ma­ção. Ser pes­si­mis­ta é acre­di­tar que o dia­bo é mais for­te do que Deus; é negar o poder que há na cruz de Cris­to. O pes­si­mis­ta não con­se­gue enxer­gar as pos­si­bi­li­da­des de mudan­ça e de melho­ria e, por isso, fica per­di­do no deser­to de suas angús­ti­as, sofri­men­to e achismos.

A lógi­ca seria afir­mar que o natu­ral para o cris­tão é ser oti­mis­ta, mas, na ver­da­de, não! O oti­mis­mo é gera­do pela soma­tó­ria de indí­ci­os base­a­dos nas cir­cuns­tân­ci­as que sina­li­zam que as coi­sas vão dar cer­to. É pre­ci­so lem­brar que a entra­da do povo em Canaã regis­tra­da no livro de Josué não foi base­a­da em um cená­rio pro­mis­sor, nem mes­mo melhor do que o rela­ta­do pelos espi­as 40 anos antes. Na ver­da­de, o povo pre­ci­sou crer que Deus lhes daria aque­la ter­ra sim­ples­men­te por­que essa era a Sua promessa.

Cris­tãos e cris­tãs não veem o copo d’água meio cheio ou meio vazio, mas cre­em que aque­le copo com água pode se trans­for­mar em um copo com vinho!

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valentin

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