Pessimismo e otimismo são disposições comuns no nosso dia a dia. Em geral, utilizamos essas expressões para classificar e avaliar diferentes situações que passamos na vida. Contudo, aqueles que creem em Cristo Jesus vivem com base em outra perspectiva, pois baseiam suas escolhas e decisões na fé.
Segundo o dicionário Aurélio, “pessimismo”, no âmbito filosófico, refere-se ao “caráter das doutrinas metafísicas ou morais que afirmam a supremacia do mal sobre o bem e costumam levar à adoção de uma atitude geral de escapismo, imobilismo ou conformismo”. Portanto, se o pessimismo é a noção de que o mal é mais forte do que o bem, de que as coisas ruins superam as coisas boas, podemos concluir, com base no que sabemos e entendemos da Palavra de Deus, que um cristão ser pessimista é um contrassenso.
O relato da volta dos espias (Nm 13 e 14) simboliza bem o caráter e a atitude de quem confia em Deus e de quem é pessimista. Dos doze, apenas dois, Calebe e Josué, observaram a terra que estavam por conquistar com um olhar otimista, pois confiavam na promessa de Deus e tinham fé de que conquistariam a terra prometida. Infelizmente, como a maioria dos espias tinha um sentimento pessimista diante da conquista, o povo se amedrontou e não entrou na terra. Assim como propõe a definição do Aurélio, quem é pessimista sempre quer escapar dos desafios, não tem coragem de se movimentar em direção à vontade de Deus e aceita passivamente a situação como ela é.
Vivemos tempos tenebrosos, marcados por extremismos e intolerância, no qual falas e posições referentes à pandemia, sejam elas pessimistas ou otimistas, logo são correlacionadas a posicionamentos políticos ou ideológicos. Para mim, uma das grandes questões em torno da pandemia é como devemos olhar para a crise gerada por ela e, principalmente, o que faremos diante dela.
Se pregamos e vivemos a fé cristã, nosso olhar deve ser sempre para além das circunstâncias. Há quem diga que essa postura é perigosa, pois aliena as pessoas, e que o mais correto é sermos realistas. Contudo, não é isso o que nos propõe a Palavra de Deus, “visto que andamos por fé e não pelo que vemos”. (2 Co 5:7). A matéria-prima da nossa vida não é a realidade, mas sim a fé em um Deus que pode todas as coisas e está no controle de tudo. Confiamos n’Ele e sabemos que Ele nos sustenta.
Confiantes em Deus, podemos nos posicionar com coragem e entrar na terra prometida, pois ela nos foi destinada por Deus. Diante das crises, devemos ser os principais agentes de transformação. Ser pessimista é acreditar que o diabo é mais forte do que Deus; é negar o poder que há na cruz de Cristo. O pessimista não consegue enxergar as possibilidades de mudança e de melhoria e, por isso, fica perdido no deserto de suas angústias, sofrimento e achismos.
A lógica seria afirmar que o natural para o cristão é ser otimista, mas, na verdade, não! O otimismo é gerado pela somatória de indícios baseados nas circunstâncias que sinalizam que as coisas vão dar certo. É preciso lembrar que a entrada do povo em Canaã registrada no livro de Josué não foi baseada em um cenário promissor, nem mesmo melhor do que o relatado pelos espias 40 anos antes. Na verdade, o povo precisou crer que Deus lhes daria aquela terra simplesmente porque essa era a Sua promessa.
Cristãos e cristãs não veem o copo d’água meio cheio ou meio vazio, mas creem que aquele copo com água pode se transformar em um copo com vinho!
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin