Os verdadeiros frutos do arrependimentoPosted on11/12/202209/12/2022Autor: Metodista ItaberabaDeixe um comentárioOs verdadeiros frutos do arrependimento“João dizia às multidões que saíam para ser batizadas: ‘Raça de víboras! Quem deu a entender que vocês podem fugir da ira vindoura? Produzam frutos dignos de arrependimento! E não comecem a dizer uns aos outros: ‘Temos por pai Abraão’, porque eu afirmo a vocês que Deus pode fazer com que destas pedras surjam filhos a Abraão. E também o machado já está posto à raiz das árvores. Portanto, toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo’” (Lucas 3:7–9).“João Batista” (detalhe), por Donald Jackson (2002)O texto do Evangelho nos retrata uma fala dura por parte de João Batista às pessoas que buscavam o seu batismo. Mas há uma realidade naquele contexto que deixamos de observar apenas com uma interpretação literal da narrativa bíblica. O Batismo naquele contexto significava ser identificado. E, conforme João Batista pregava, o povo que se identificava com aquela mensagem era batizado como um sinal externo de seu arrependimento interior e de sua mudança de mentalidade. Seria uma espécie de marca, como se um pano cru fosse tingido de determinada cor ao ser mergulhado num recipiente com corante.As multidões chegavam até João Batista à procura do batismo apenas porque parecia ter virado moda à época. É por isso que João esbraveja contra aquelas pessoas, chamando-as de serpentes, ou víboras. E a pergunta enfática dele a tais “serpentes” se dava justamente pela ausência de arrependimento. De que adiantaria tais “serpentes” se arrastarem até o rio à procura de receber a água do batismo sobre a pele, se no seu interior não havia nenhuma mudança, continuavam em sua natureza peçonhenta? Era a vida delas que deveria ser mudada, e não a sua pele. Compare-se aqui a ausência do verdadeiro arrependimento a uma simples substituição superficial de escamas que as cobras e serpentes fazem de forma rotineira.João chama as pessoas a buscar um real arrependimento de sua mentalidade e de suas práticas, exortando-as a não se apegarem a uma religiosidade superficial no exercício da fé. E por isso afirma que até as pedras poderiam ser descendentes de Abraão e fazer mais do mesmo, ressaltando que, para Deus, o que realmente conta é uma mudança de vida e aquilo que se pratica como frutos verdadeiros dessa mudança.Pensando em nossa realidade hoje, vemos no Brasil um número crescente de evangélicos a cada ano. Uma pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto DataFolha aponta que os evangélicos representariam 31% da população brasileira (mais de 65 milhões de pessoas), e uma projeção da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) prevê que em 2036 os evangélicos chegarão a 40,3 % da população, ultrapassando os católicos, que cairão para 39,4%. Isto é, em 2036 quase 80% da população professará a fé cristã no Brasil. Mas, se a taxa de evangélicos, que no início dos anos 1990 era de apenas 9% da população, cresce exponencialmente, por que a realidade econômica e financeira do nosso país não muda? Por que os números da violência, das desigualdades sociais, da pobreza e da fome têm aumentado? E por que essas realidades não são drasticamente transformadas?Será que a moda do batismo da época de João Batista chegou ao Brasil nos últimos anos? Quem sabe as igrejas brasileiras têm se prontificado a ser passarelas dessa tendência evangélica, ou até mesmo usado suas pregações e mensagens para fomentar a superficialidade e o individualismo em uma prática “cristã” vazia, rasa e descomprometida com próximo? Só assim para compreendermos esse movimento evangélico de troca de escamas, em que os “convertidos” se importam apenas com a sua própria realidade e necessidade, e não em apresentar frutos dignos de sua conversão para contemplar a realidade de seu entorno.No texto, a multidão, os publicanos e até soldados são tocados pela fala dura de João e indagam o que deveriam fazer. João Batista enfatiza a prática da partilha e da solidariedade — “Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem, e quem tiver comida faça o mesmo” —, da honestidade e da justiça — “Não cobrem mais do que o estipulado” —, e reforça a necessidade de uma conduta ética, do zelo pela verdade e do sentimento da gratidão — “Não pratiquem extorsão, não façam denúncias falsas e contentem-se com o salário que vocês recebem”.Irmãos e irmãs, neste Terceiro Domingo do Advento, em que nosso anuário litúrgico propõe o tema do testemunho, reflitamos sobre nossa conversão e nossa conduta enquanto Igreja de Cristo e Igreja Metodista na sociedade brasileira, para que possamos, à luz da Palavra de Deus, apresentar em cada uma de nossas ações, pessoais e coletivas, os frutos do nosso arrependimento e do nosso verdadeiro encontro com Jesus Cristo, para assim transformar a nossa nação, particularmente a igreja, e espalhar a santidade bíblica sobre toda a Terra.Deus nos abençoe e nos fortaleça para Sua missão!Seminarista Paulo Roberto Lopes de Almeida JuniorVocê pode gostar também:Frutos e downloadsA árvore e seus frutosConversão sem arrependimento é encenaçãoVocê é filho(a)!