Conversão sem arrependimento é encenação

Pedro Nega a Cris­to”, por Micha­el O’Brian

Quem já leu com aten­ção os diá­lo­gos entre Jesus e Pedro nos Evan­ge­lhos cer­ta­men­te cons­ta­tou que essas con­ver­sas eram sem­pre inten­sas. Uma das mais aca­lo­ra­das foi quan­do os dis­cí­pu­los esta­vam deba­ten­do quem seria o mai­or no rei­no pro­me­ti­do por Jesus. Entre outras abor­da­gens, o Mes­tre se diri­giu a Pedro e dis­se: “Quan­do tu te con­ver­te­res, con­fir­ma os teus irmãos” (Lc 22:32b).

Não sei se está cla­ro para todos o quan­to essa expres­são é com­pro­me­te­do­ra e séria. Afi­nal, Jesus está dizen­do a um de Seus dis­cí­pu­los que “se con­ver­ta” – alguém que já havia con­vi­vi­do com Ele por cer­ca de três anos, que tinha pas­sa­do por mui­tas expe­ri­ên­ci­as mar­can­tes, mas que apa­ren­te­men­te não tinha se con­ver­ti­do até aque­le momen­to. Fico pen­san­do quan­tas pes­so­as não se enqua­dra­ri­am hoje na mes­ma situ­a­ção, tal­vez com mui­to tem­po de igre­ja, mas ain­da sem uma con­ver­são genuína.

Infe­liz­men­te, mui­tas vezes dei­xa­mo-nos levar por este­reó­ti­pos que nós mes­mos cri­a­mos e legi­ti­ma­mos. Quan­do que­re­mos cons­ta­tar se uma pes­soa se con­ver­teu, olha­mos para a for­ma como ela fala, como se ves­te, como ges­ti­cu­la, como se com­por­ta no lou­vor duran­te o cul­to… Con­tu­do, todas essas expres­sões são ape­nas esté­ti­cas, poden­do facil­men­te ser repro­du­zi­das sem nenhum fun­do de auten­ti­ci­da­de. Sim, tem gen­te que fin­ge ser con­ver­ti­do e tal­vez nem sai­ba que está ape­nas teatralizando.

Não pro­po­nho aqui uma cru­za­da para denun­ci­ar fal­sas con­ver­sões, até por­que essa tare­fa não nos foi atri­buí­da por Jesus. Minha refle­xão vai no sen­ti­do de que deve­mos estar aten­tos a quem temos dado ouvi­dos, a quem temos elo­gi­a­do, a quem temos hon­ra­do como “pes­so­as de Deus”. O pré-requi­si­to bási­co de uma con­ver­são genuí­na é o arre­pen­di­men­to; ou seja, a pes­soa se arre­pen­de de seus peca­dos, Deus a per­doa e lan­ça no mar do esque­ci­men­to seus erros, pro­mo­ven­do uma vira­da de pági­na em sua vida. Sig­ni­fi­ca dizer que a com­pro­va­ção natu­ral do arre­pen­di­men­to é a mudan­ça e, por isso, a evi­dên­cia da con­ver­são é a trans­for­ma­ção do cará­ter, dos valo­res, dos prin­cí­pi­os e, qua­se sem­pre, do comportamento.

Mais uma vez não nos cabe jul­gar, mas tam­bém não pode­mos nos dei­xar enga­nar. Pala­vras bem colo­ca­das, caris­ma e boa argu­men­ta­ção podem even­tu­al­men­te dar um aspec­to de mudan­ça, de con­ver­são; mas logo a vai­da­de, o orgu­lho, a alti­vez, a arro­gân­cia e a pre­po­tên­cia apa­re­cem e reve­lam a ence­na­ção. Por isso, cui­da­do com quem você tem se asso­ci­a­do, cui­da­do com as pes­so­as às quais você tem dado ouvi­dos, cui­da­do com aqueles(as) a quem você tem admi­ra­do; você pode estar sen­do enredado(a) numa arma­di­lha maquiavélica.

O Dia­bo nada mais é do que um gran­de enga­na­dor. Ele ten­ta nos dri­blar dizen­do que algo erra­do não é tão erra­do assim. Ele ten­ta nos ilu­dir dizen­do que deter­mi­na­da pes­soa mudou de ver­da­de. Ele ten­ta nos bur­lar que­ren­do nos con­ven­cer de que bas­ta pare­cer que somos con­ver­ti­dos que tudo bem.

Jesus não quer ao Seu lado pes­so­as que repro­du­zam um este­reó­ti­po, mas indi­ví­du­os ver­da­dei­ra­men­te con­ver­ti­dos. Cer­ta­men­te, Pedro não era o úni­co dis­cí­pu­lo que ain­da não havia se con­ver­ti­do. Judas, por exem­plo, não se con­ver­teu e ain­da recu­sou todas as opor­tu­ni­da­des para isso. Seu fim foi a mor­te emo­ci­o­nal, rela­ci­o­nal, físi­ca e espiritual.

Con­ver­ta-se hoje, con­ver­ta-se todos os dias e viva uma vida livre e verdadeira!

For­te abraço,

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valen­tin, pastor

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