Há uma corrente teológica que defende e explora enfaticamente o caráter materno de Deus. Como sabemos, a cultura e a religião judaico-semitas são patriarcais e, por isso, boa parte do enredo bíblico é feito sob a ótica masculina. Em geral, os homens é que são os líderes, os libertadores, os guerreiros, os reis. O próprio Deus, ao tomar forma humana, veio ao mundo como menino, e não como menina!
O Pai e o Filho são homens; mas onde está a mãe? Poderíamos dizer que a mãe do Filho é Maria, sua progenitora. Mas quem seria a mãe de Adão? Nesse sentido, a argumentação do “Deus Mãe” é direcionada para a pessoa do Espírito Santo. Seria Ele – ou, no caso, Ela – o lado feminino ou materno de Deus. O Espírito Santo é o Deus Mãe! Essa reflexão é intrigante e até certo ponto polêmica. Mas o que eu quero aqui é ponderar e me focar mais na figura da mãe, que de fato possui atributos divinos.
Não sei se concordo muito com esse argumento do Deus Mãe, mas, com certeza, toda mãe é um pouco deusa. Um dos atributos divinos que mais distinguem Deus de todos os demais seres é o Seu poder de dar a vida; e essa característica também está presente em todas as mulheres, salvo exceções de ordem biológica. Quanto aos homens, cem por cento deles não foram criados com o poder de gerar a vida – e me parece que a ciência não será capaz de achar uma alternativa para essa realidade.
Penso que as mães nos revelam parte do caráter de Deus. Gerar uma vida é, sem sombra de dúvida, algo excepcional. Nós, homens e mulheres, podemos criar e dar nova forma para muitas coisas, mas gerar um novo ser, dar vida a outra pessoa é algo realmente singular. Creio que o útero de uma mulher se assemelha às mãos habilidosas do nosso Criador: de maneira assombrosa, grandiosa e “misteriosa”, um novo ser é gerado para desfrutar da vida.
No entanto, esse não é o único atributo materno que se assemelha aos do nosso Deus. Podemos citar muitos outros, como, por exemplo, a misericórdia, a tolerância e o amor incondicional.
Neste Dia das Mães, queremos reconhecer que elas são verdadeiras deusas. Não como aquelas do Olimpo ou dos desenhos em quadrinhos, mas mulheres que têm o poder divino de gerar vida. Aliás, é por conta desse poder que estamos aqui, pois um dia Deus decidiu dividir um pouco da Sua divindade com muitas mulheres. Resultado: nós nascemos!
Obrigado, mãe! Obrigado a todas as mães! Deus as abençoe hoje e sempre!
Tiago Valentin, pastor