Igreja Metodista em Itaberaba, uma comunidade pentecostal

Pen­te­cos­tes”, por Jim Whalen

Hoje, 50 dias depois da Pás­coa, cele­bra­mos, no calen­dá­rio cris­tão, o Dia de Pen­te­cos­tes. No judaís­mo, come­mo­ra­va-se nes­sa data o suces­so pela colhei­ta anu­al. Mas, com Jesus, esse dia pas­sou a ser asso­ci­a­do ao cum­pri­men­to da pro­mes­sa da vin­da do Con­so­la­dor. Após 50 dias da res­sur­rei­ção de Cris­to, os dis­cí­pu­los, reu­ni­dos em Jeru­sa­lém, aguar­da­vam o cum­pri­men­to des­sa pro­mes­sa, enquan­to ocor­ria a fes­ta de Pen­te­cos­tes. Eles ora­vam num cená­cu­lo quan­do o Espí­ri­to San­to se mani­fes­tou. Lín­guas de fogo pou­sa­ram sobre suas cabe­ças e eles come­ça­ram a falar em outras lín­guas (At 2).

Depois des­se epi­só­dio, a Igre­ja tomou for­ma e pas­sou a exer­cer seu papel pro­fé­ti­co no mun­do de manei­ra efe­ti­va. Ao lon­go do tem­po, a Igre­ja foi ganhan­do con­tor­nos e for­ma­tos espe­cí­fi­cos, depen­den­do da deno­mi­na­ção. Aque­las que dizi­am dar ênfa­se e liber­da­de à ação do Espí­ri­to San­to se autor­ro­tu­la­ram pen­te­cos­tais, fazen­do refe­rên­cia ao epi­só­dio do Pen­te­cos­tes bíbli­co. O pro­ble­ma dos rótu­los é que eles são limi­ta­dos e infiéis. Um rótu­lo não é capaz de expres­sar ple­na­men­te o con­teú­do de algo e mui­tas vezes indi­ca ser uma coi­sa quan­do é outra. Por isso, ao dizer­mos que uma igre­ja é tra­di­ci­o­nal, pro­gres­sis­ta ou pen­te­cos­tal, nun­ca somos capa­zes de indi­car de fato como ela é, se é que é mes­mo uma igreja!

Mas seri­am algu­mas igre­jas pen­te­cos­tais e outras não? Na ver­da­de o pro­ble­ma resi­de no con­cei­to “pen­te­cos­tal”. Ser pen­te­cos­tal não sig­ni­fi­ca estri­ta­men­te dar liber­da­de para a ação do Espí­ri­to San­to, pois, sem a pre­sen­ça d’Ele, sim­ples­men­te não sería­mos capa­zes nem mes­mo de ser cris­tãos. Isso tam­bém se apli­ca à igre­ja, que, sem a pre­sen­ça do Espí­ri­to San­to, não seria uma igre­ja, ten­do em vis­ta que não é pos­sí­vel ser igre­ja sem Aque­le que a capa­ci­ta e a sus­ten­ta. O con­fli­to, por­tan­to, está no que as pes­so­as enten­dem por pen­te­cos­tal ou por evi­dên­cia da ação do Espí­ri­to San­to. O pro­ble­ma aqui são os estereótipos.

Quem não se con­si­de­ra pen­te­cos­tal de acor­do com o que se esta­be­le­ceu por esse rótu­lo afir­ma que não o é por­que valo­ri­za a razão e a ordem, zela pelo equi­lí­brio e pela coe­rên­cia da igre­ja e é con­tra todo tipo de ali­e­na­ção e desor­ga­ni­za­ção. Já os que se acham pen­te­cos­tais dizem que o são por­que dei­xam Deus agir “de ver­da­de” e têm poder e auto­ri­da­de supe­ri­o­res aos dos demais. Para mui­tos deles, nada é mais impor­tan­te do que falar em outras lín­guas, ou na lín­gua dos anjos, que seria a expres­são e evi­dên­cia máxi­mas de que alguém é pentecostal.

Bibli­ca­men­te, esses dois polos estão erra­dos. O que vemos no tex­to de Atos 2 é que a gran­de evi­dên­cia da ação do Espí­ri­to San­to na vida de igre­ja é a comu­nhão, a capa­ci­da­de de falar uma mes­ma lín­gua, o meio pelo qual pode­mos ser de fato uma comu­ni­da­de, uma igre­ja. Por se tra­tar de uma fes­ta que envol­via povos de diver­sas regiões, que fala­vam idi­o­mas dis­tin­tos, o Pen­te­cos­tes reu­niu em Jeru­sa­lém mui­ta gen­te dife­ren­te. Con­tu­do, ao agir sobre­na­tu­ral­men­te na vida dos dis­cí­pu­los e de outras pes­so­as ali, o Espí­ri­to San­to pos­si­bi­li­tou que aque­les indi­ví­du­os pudes­sem dia­lo­gar e se enten­der, ain­da que falas­sem lín­guas diferentes.

Por isso, pode­mos dizer, com toda a cer­te­za, que somos pen­te­cos­tais, pois em nos­sa comu­ni­da­de valo­ri­za­mos e nutri­mos o res­pei­to, a tole­rân­cia, o diá­lo­go, a comu­nhão e, sobre­tu­do, o amor. Somos diver­sos, pen­sa­mos dife­ren­te, agi­mos de for­ma dis­tin­ta, mas, por obra e gra­ça do Espí­ri­to San­to, con­se­gui­mos con­vi­ver, comun­gar e cami­nhar jun­tos para um mes­mo des­ti­no: a cruz de Cris­to. Somen­te valo­ri­zan­do e libe­ran­do a ação do Espí­ri­to San­to é que pode­mos rea­li­zar o mila­gre de ser igreja.

Que nes­te Dia de Pen­te­cos­tes, o Senhor der­ra­me mais uma vez sobre nós o fogo que anu­la as divi­sões, os pre­con­cei­tos, os indi­vi­du­a­lis­mos e o desamor.

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valen­tin, pastor

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