A Bíblia contém muitas advertências para os filhos de Deus, para que não caiam, não tropecem, e não sejam dominados por nada de mau nesta vida. Nós, evangélicos, por nossa própria formação, por nossos valores, tendemos a ter certos tipos de “probleminhas” aos quais precisamos vigiar duplamente. Precisamos nos conscientizar que nossa tentativa de caminhar em retidão e pureza diante de Deus pode criar um “orgulho espiritual”, uma “zona cinzenta” em nossa vida, sem que nos apercebamos. Por isso, normalmente, a alma que é “evangélica” tende a apresentar problemas quanto a:
1 juízo: gostamos de emitir juízos de valor, apontar o que é certo e o que é errado, desqualificar. E normalmente, ao fazer isso, vamos mais por nossas tendências individuais, que propriamente pela Bíblia;
2 moralismo: certamente a boa moral é desejo de Deus para nós e é um aspecto importante da vida cristã. Entretanto, o “moralismo” é a doença da moral, que exagera, que vê com maus olhos tudo e todos, e se possível fosse censuraria até mesmo Jesus por andar com pecadores e gente de má fama, por gostar de festas, por transformar água em vinho;
3 desprezo: nós, evangélicos, temos de tomar cuidado porque tendemos a desprezar todos que não comungam com nossas idéias. Enquanto na África o “apartheid” é social, entre nós, apartamo-nos de todos que não pensam igual a gente, e acabamos quase que vivendo num gueto, travando relacionamentos só com nossos pares e não com gente inferior a nós;
4 intolerância: ao nos apresentarmos como pessoas tão cheias de certezas e convicções, cair na intolerância é um passo. Às vezes não toleramos até mesmo nossos irmãos que não compartilham das mesmas convicções que nós; é uma sensação de repelência a tudo o que nos ameaça;
5 olhar duro: é a incapacidade de olhar para qualquer coisa com misericórdia e pureza. Talvez isso ocorra porque “odiar” os impuros e gentios lhe dá uma sensação de ser melhor que o resto do mundo (assim como João pediu para Jesus descer fogo do céu sobre os samaritanos).
Por tudo isso que falamos acima, precisamos ter a humildade de reconhecer essas doenças da alma, e que só nós não percebemos. Ser crente em Cristo Jesus é aprender a desenvolver a comunicação saudável com o próximo, é respeitar às convicções do outro (mesmo que você não concorde), é acolher ao que é débil na fé, não para discutir opiniões, mas para ensinar em amor, é reconhecer que nosso excesso de zelo pode estar camuflando uma “fera” dentro de nós, é aprender a olhar a vida e as pessoas com olhos ternos e bons… Queremos compreender e viver o Evangelho que liberta, que releva, que compreende, que aceita, que inclui (e não exclui), que perdoa… Que Deus nos ajude a reconhecermos nossos erros!
Pr. Daniel Rocha