Crente não fofoca, comenta.

Tal­vez você já tenha ouvi­do a fra­se que dá títu­lo a esta pas­to­ral, a qual nada mais é do que a des­cul­pa que mui­tos usam para jus­ti­fi­car uma ati­tu­de peca­mi­no­sa, tris­te e ver­go­nho­sa: a fofo­ca. Pres­su­põe-se que uma pes­soa que se diz cris­tã não faça fofo­ca – dito mal­do­so, mexe­ri­co, dis­se me dis­se – e, por isso, mui­tos ten­tam dis­far­çá-la como se fos­se um sim­ples comen­tá­rio. A dife­ren­ça é que a raiz da fofo­ca é a mal­da­de, pois ela é sem­pre pre­ju­di­ci­al, ain­da que a inten­ção não seja essa.

As Escri­tu­ras nos afir­mam que toda bon­da­de pro­vém de Deus. Por­tan­to, o inver­so tam­bém é ver­da­dei­ro: toda mal­da­de advém do Dia­bo. É cla­ro que fazer o bem ou o mal está em nos­sas mãos, mas, ao pra­ti­car um ou outro, esta­re­mos a ser­vi­ço de Deus ou do Diabo.

Por isso, pode­mos afir­mar, com toda a cer­te­za, que, quan­do fala­mos ou ouvi­mos uma fofo­ca, esta­mos ouvin­do níti­da e cla­ra­men­te a voz malig­na, covar­de e mor­tí­fe­ra do Dia­bo. A fofo­ca, ou o ato de falar mal de uma pes­soa sem que ela sai­ba, per­meia todas as áre­as de nos­sa vida, seja no âmbi­to fami­li­ar, no qual é mui­to comum a fala­ção sobre deter­mi­na­do cunha­do, pri­mo ou sogra que desa­gra­da a alguns, seja no âmbi­to pro­fis­si­o­nal, em que não há nada mais banal do que falar mal do patrão ou do chefe.

Mas o tris­te mes­mo é ter­mos de reco­nhe­cer que isso acon­te­ce tam­bém na igre­ja. Fofo­ca na igre­ja? Sim, ela exis­te, na nos­sa e em todas as outras. Por­que a igre­ja é com­pos­ta de pes­so­as e o ato de fofo­car é tão anti­go quan­to a pró­pria humanidade.

A fofo­ca é resul­ta­do de pro­ble­mas mais séri­os que aco­me­tem as pes­so­as. Pode­mos citar, entre eles, a inse­gu­ran­ça. Pes­so­as inse­gu­ras ten­dem a fofo­car, pois vale a velha máxi­ma de que “a melhor defe­sa é o ata­que”. Um indi­ví­duo inse­gu­ro pen­sa que alguém está o tem­po todo que­ren­do supe­rá-lo e a manei­ra que ele encon­tra de se defen­der é dene­grin­do e levan­tan­do sus­pei­tas sobre quem ele con­si­de­ra uma ameaça.

Outro pro­ble­ma é a covar­dia. Pes­so­as covar­des não têm a cora­gem de falar o que pen­sam dire­ta­men­te com quem é alvo de seus maus pen­sa­men­tos. Assim, o cami­nho mais fácil e escu­so é o da fofoca.

Uma ter­cei­ra moti­va­ção para a fofo­ca é a mera mal­da­de das pes­so­as. Pode­mos até sus­pei­tar que se tra­te de uma pato­lo­gia. Aliás, alguns estu­dos na área da psi­ca­ná­li­se já com­pro­va­ram que a prá­ti­ca da mal­da­de pro­vo­ca em algu­mas pes­so­as a sen­sa­ção de pra­zer. Infe­liz­men­te, falar mal dos outros é pra­ze­ro­so para alguns. Por isso, a fofo­ca é a voz do Dia­bo, pois ele é o mai­or inte­res­sa­do em cau­sar dis­cór­dia, des­trui­ção, desu­nião e mor­te entre as pes­so­as, espe­ci­al­men­te den­tro da igreja.

Como pas­tor, eu não ape­nas repu­dio e con­de­no a prá­ti­ca da fofo­ca como tenho ori­en­ta­do nos­sa comu­ni­da­de a ter uma vida ínte­gra, san­ti­fi­ca­da e con­sa­gra­da ao Senhor.

A igre­ja não é per­fei­ta por­que somos par­te dela. Todos nós come­te­mos falhas que pre­ci­sam ser dia­ri­a­men­te con­fes­sa­das a Deus, a fim de que Ele nos mol­de de acor­do com a Sua von­ta­de. Con­tu­do, dese­ja­mos que nos­sa igre­ja seja de fato uma noi­va sem mácu­la e per­fei­ta aos olhos de Deus. Para isso, temos de tra­ba­lhar e nos esfor­çar para que nos­sa comu­ni­da­de cami­nhe den­tro do que­rer do Senhor.

Meu irmão, minha irmã, não acei­te ouvir a voz do Dia­bo nos cor­re­do­res da igre­ja e mui­to menos per­mi­ta que ele use sua boca para falar e gerar mor­te no nos­so meio. Na dúvi­da, não fofo­que nem comen­te, mas ore por você e por seu próximo!

Pr Tiago Valentim

Com cari­nho e esti­ma pastoral,
Rev. Tia­go Valentin

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.