Eis uma questão bíblica e teológica que sempre entra em debate nesta época de Natal: por que Deus escolheu tomar a forma humana por meio de um bebê? Por que não veio ao mundo já como adulto? Do ponto de vista prático, bebê ou adulto não faria diferença; a missão que Jesus tinha não se alteraria em praticamente nada. Mas Deus tomou a forma de um bebê para deixar claro que mesmo as coisas frágeis e pequeninas têm muito valor.
A profecia em Isaías capítulo 9 diz que, por meio de um menino recém-nascido, poder e autoridade se manifestariam e a vontade de Deus se realizaria dessa maneira. E assim se cumpriu a promessa na vida de Jesus.
Temos todo o contexto da gravidez de Maria e a aceitação de José, mas, sem dúvida, o momento mais tenso é o nascimento propriamente dito. Não havia lugar para aquela criança indefesa e frágil vir ao mundo em segurança. Depois de uma longa viagem, sem conforto algum, o casal chega a Belém em meio ao tumulto de um recenseamento. A cidade estava cheia e não havia lugar para se hospedar. A única alternativa foi uma estrebaria e uma manjedoura. Ali o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores nasceu.
Jesus, já adulto, fez questão de valorizar as crianças, indicando que elas são o parâmetro para quem quer herdar o Reino dos Céus. O Mestre agiu assim não apenas em relação às crianças, mas acerca de todos(as) que eram marginalizados(as) e menosprezados(as). Ele não nasceu em berço de ouro, sabia bem o quanto a vida era dura e que para vencer era preciso lutar muito. Desde o nascimento, nada foi fácil em Sua vida, mas o Pai, em todos os momentos, foi fiel e provedor.
Muitas vezes podemos nos sentir minimizados, excluídos ou marginalizados por conta da nossa condição física, financeira, relacional ou emocional. Mas Deus escolheu as coisas simples para confundir os sábios, exatamente como ocorreu com os magos quando procuraram o Rei no palácio e não o encontraram ali.
Certamente não daríamos a missão de salvar o mundo a um bebezinho, mas Deus fez questão de enviar um menino, um bebê, para dar o passo definitivo na restauração da humanidade, para que não houvesse nenhuma possibilidade de se cogitar que a ação de Deus estivesse ligada ao poder, ao prestígio, ao conhecimento ou a qualquer categoria humana que defina o que pode e o que não pode.
Muitas vezes associamos a ação de Deus em nossas vidas ao nosso muito saber, ter ou poder. Mas o que sabe um bebê? O que ele tem ou o que ele pode? Tudo, absolutamente tudo depende de Deus e do Seu querer. Seja por meio de um bebê ou de um adulto, seja por alguém muito letrado ou inculto, seja por alguém conhecido ou anônimo, Deus é quem faz a obra. E Ele tem critérios próprios para isso, “pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2:8–9).
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin