A tradição de dar presentes no Natal é uma prática que expressa nossa gratidão pelo ano que passou, o desejo de agradar as pessoas com quem convivemos. Mas, para alguns, dar presentes é só um impulso em resposta aos apelos do comércio.
Seja qual for a motivação, o normal é já criarmos certa expectativa do que vamos ganhar da esposa, dos filhos, do amigo secreto… Será que a pessoa vai acertar o tamanho? Será que o presente vai me agradar? Será que o meu amigo secreto trará algo equivalente ao que eu darei?
No dia de Natal, minha falecida avó paterna sempre colocava um gorrinho de Mamãe Noel, sentava-se no meio da sala e distribuía os presentes para os netos. Quase todos os anos, eu e meus primos ganhávamos meias. O problema é que, já na adolescência, continuávamos a ganhar meias brancas, pois, na memória afetiva da vovó, ainda éramos crianças. Ou seja, além de ganhar meias todo Natal, elas já não nos serviam!
Sim, às vezes nos frustramos com o que ganhamos no Natal, pois o tamanho da nossa frustração será proporcional ao tamanho da nossa expectativa não correspondida.
Nestas vésperas de Natal, fiz uma declaração de amor (aos olhos de alguns e aos meus também) ao acompanhar minha esposa nas compras de Natal na região da 25 de março. Cheguei a duas conclusões básicas: primeiro, eu amo mesmo minha esposa; e, segundo, há algo errado na motivação das pessoas em relação ao Natal.
No Natal, tentamos presentear o maior número de pessoas possível, queremos agradá-las e expressar-lhes o quanto elas são importantes para nós. Contudo, fico me perguntando se os presentes em certa medida não são paliativos diante do que deixamos de fazer por elas o ano todo. Nada contra dar e receber presentes; inclusive, estou à disposição de todos para recebê-los! Mas me permita compartilhar mais um fato sobre avó, agora a materna. Minha avó já é uma senhorinha e, infelizmente, está padecendo de uma gradativa perda de visão por conta da diabetes. Por mais que eu queira agradá-la presenteando‑a neste Natal, isso nem de longe é do que ela precisa. O que ela necessita mesmo é de atenção, de companhia, de carinho e, especialmente, de consolo.
Como eu disse, fique à vontade para dar presentes no Natal, mas entenda que nada substitui sua presença, suas palavras de afeto, seu abraço de amor, seu olhar de misericórdia. O que as pessoas mais precisam não é de coisas, mas sim de outras pessoas. Há muita gente carente de atenção, de amizades verdadeiras. Neste Natal, seja você o maior presente. Jesus, ao nascer, não trouxe consigo riquezas, bens, poder humano. Ao contrário, Ele veio de mãos vazias, veio nu, simples, frágil, singelo. Mas Ele era e continua a ser o verdadeiro presente!
Que possamos neste Natal, assim como Jesus, ser o melhor presente para nossos amigos, para nossos irmãos e irmãs na fé e, especialmente, para nossas famílias.
Feliz Natal!
Pastor Tiago Valentin