Fernando ou Jair? Jesus!

Graças a Deus esta­mos cami­nhan­do para o fim do pro­ces­so elei­to­ral de 2018. Digo isso por­que o esta­do de catar­se e his­te­ria que con­ta­mi­nou gran­de par­te da popu­la­ção bra­si­lei­ra está che­gan­do a um nível insu­por­tá­vel. Se, por um lado, nun­ca se dis­cu­tiu tan­to sobre polí­ti­ca – o que é bom, pois antes a des­po­li­ti­za­ção do povo era seu pon­to mais fra­co na hora de votar –, por outro lado, um prin­cí­pio bási­co da demo­cra­cia e do deba­te polí­ti­co foi esque­ci­do: o res­pei­to à divergência.

Nes­te plei­to, a diver­si­da­de polí­ti­co-ide­o­ló­gi­ca flo­res­ceu com uma gran­de bele­za; mui­tas ver­ten­tes e ênfa­ses polí­ti­cas tive­ram a opor­tu­ni­da­de de se expres­sar, o que é mui­to bom. Isso reve­la o quan­to somos plu­rais e que não há uma for­ma úni­ca de se pen­sar a polí­ti­ca e de se gover­nar. Essa é a rique­za de um povo, de uma nação livre. E, dian­te de dife­ren­tes opções, as pes­so­as pude­ram então refle­tir, optar e se mani­fes­tar de acor­do com suas con­vic­ções e princípios.

Con­tu­do, é pró­prio da demo­cra­cia res­pei­tar as dife­ren­ças, res­pei­tar a opção de cada um, res­pei­tar inclu­si­ve os exa­ge­ros, as opi­niões mais aca­lo­ra­das, as pola­ri­za­ções. E res­pei­tar aqui não sig­ni­fi­ca con­cor­dar, apro­var ou aca­tar, mas sim tole­rar, ou seja, per­mi­tir que o outro se expres­se, mes­mo que este­ja erra­do. E, caso o outro lado quei­ra dis­cor­dar, que o faça den­tro do cam­po das idei­as. Tal­vez, após um lon­go deba­te e argu­men­ta­ção, nenhum dos dois lados mude de posi­ção, o que tam­bém faz par­te do jogo democrático.

Mas o que assis­ti­mos atô­ni­tos (pelo menos no meu caso) é a inca­pa­ci­da­de de tole­rar as posi­ções diver­gen­tes, a inca­pa­ci­da­de de aco­lher as pes­so­as aci­ma de suas idei­as. Inú­me­ros foram os casos de gen­te que sofreu agres­sões de toda sor­te, inclu­si­ve físi­ca, por con­ta do seu posi­ci­o­na­men­to polí­ti­co. Famí­li­as, ami­za­des e igre­jas foram aba­la­das por con­ta da fal­ta de tole­rân­cia. Nas redes soci­ais, em espe­ci­al, tes­te­mu­nha­mos absur­dos incal­cu­lá­veis, men­ti­ras em cima de men­ti­ras, insul­tos, expo­si­ções da vida par­ti­cu­lar, ques­ti­o­na­men­tos sobre a inte­gri­da­de e a fé das pes­so­as. Vimos tam­bém um gran­de núme­ro de indi­ví­du­os extre­ma­men­te desin­for­ma­dos dizen­do que no Bra­sil se ins­tau­ra­ria um regi­me fas­cis­ta ou uma dita­du­ra boli­va­ri­a­na. Bas­ta conhe­cer um pou­co de his­tó­ria, das ins­ti­tui­ções demo­crá­ti­cas e do sis­te­ma polí­ti­co-econô­mi­co para saber que ambas as pos­si­bi­li­da­des são alta­men­te impro­vá­veis de ocor­rer no Brasil.

Mas o que mais me cho­cou foi ver cris­tãos e cris­tãs sen­do into­le­ran­tes, pois quem me conhe­ce sabe do meu ape­go à coe­rên­cia, e não há nada mais inco­e­ren­te do que um cris­tão into­le­ran­te. Jesus foi víti­ma de into­le­rân­cia no Seu tem­po. Os inte­res­ses polí­ti­cos, reli­gi­o­sos e econô­mi­cos dos roma­nos e de boa par­te dos judeus O leva­ram para a cruz. Não tole­ra­ram sua pre­ga­ção con­tra a desi­gual­da­de, con­tra a exclu­são, con­tra o acú­mu­lo, con­tra a ava­re­za, con­tra a reli­gi­o­si­da­de. Em con­tra­par­ti­da, Jesus tole­rou o ins­tá­vel Pedro, o mima­do João, o ines­cru­pu­lo­so Judas. E tole­rou a todos nós ao mor­rer na cruz por cau­sa dos nos­sos peca­dos, por cau­sa, inclu­si­ve, dos nos­sos posi­ci­o­na­men­tos polí­ti­cos anticristãos.

A melhor for­ma de demons­trar­mos o amor de Deus é res­pei­tan­do as pes­so­as e suas opi­niões. Tal­vez você ques­ti­o­ne: “E se a pes­soa esti­ver pecan­do com sua opi­nião?”. Cabe a nós aju­dar­mos em amor essa pes­soa a pen­sar e, caso ela não mude de ideia, deve­mos con­ti­nu­ar amando‑a e dei­xar que o Espí­ri­to San­to con­ven­ça a cada um de nós do nos­so pecado.

Que pos­sa­mos esco­lher, aci­ma de tudo e de todos, Jesus!

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Rev. Tia­go Valentin

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