“Estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome (…) porão as mãos sobre enfermos, e estes serão curados” (Mc. 16.17–18).
Inicio a segunda parte desta reflexão reafirmando que creio que muitos, se não a maioria, dos milagres que vemos na televisão são verídicos. Afinal, isso é o que nos afirma a palavra de Deus. Jesus diz aos discípulos que eles poderiam fazer coisas extraordinárias em seu nome, inclusive curar enfermos. E, de fato, o “apóstolo” e outros pregadores televisivos intercedem pelas pessoas em nome de Jesus. Como Deus tem compromisso com Sua palavra, os milagres acontecem!
Como disse no Boin passado, não quero discutir se naquela igreja há ou não milagres, ou se seu presidente é padrão de ética pastoral. Cabe a Deus julgar. Minha preocupação está na nossa postura e forma de ser. Invariavelmente, fazemos críticas ao movimento neo-pentecostal, e penso que devemos sim criticá-lo. Mas para isso precisamos partir de uma posição no mínimo confortável ou estaremos sendo hipócritas: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?” (Mt. 7.3).
Costumo dizer que, se não fossem as pessoas dentro das igrejas, elas seriam perfeitas! Não há igreja ou doutrina perfeita. A única igreja perfeita será aquela que estará reunida na glória, com o Pai. Enquanto estivermos neste mundo, estaremos suscetíveis a erros e ao pecado. Isso serve para todas as igrejas, estejam ou não na televisão. Meu entendimento é que temos de investir mais tempo fazendo do que criticando. Como o próprio Jesus disse, quem não for declaradamente contra nós é por nós. Assim, de uma forma ou de outra, esses movimentos religiosos com ênfase na cura e na prosperidade estão fazendo a vontade de Deus. Portanto, não deveríamos nos preocupar tanto com o que eles estão fazendo, e sim com o que nós podemos estar deixando de fazer.
Precisamos meditar sobre algumas coisas. Deus pode curar qualquer enfermidade, e não podemos deixar de ministrar sobre a vida da igreja esse princípio. Se cremos que o nome de Jesus é capaz de curar enfermos, não podemos duvidar, mas crer e orar nesse sentido. Contudo, entendemos que o mais importante é a nossa salvação. Jesus, ao curar o coxo, o cego, o leproso, dizia: “Vai, a tua fé te salvou!”. Logo, mais do que a cura, as pessoas alcançavam a salvação ao se encontrarem com Cristo. Ele gastava tempo com as pessoas e, ao tratar com elas, Sua ênfase era na qualidade, e não na quantidade. Podemos dizer que Ele era adepto do slow food (comer devagar e com prazer). Jesus gostava de estar com as pessoas com tempo suficiente para ouvir suas histórias e se envolver com elas.
Diante deste mundo que clama por socorro, temos de denunciar o pecado e anunciar a salvação. Tudo que ocorre em nossa igreja ou em outras que não esteja em conformidade com a Bíblia deve ser criticado. Ao sabermos o que está errado e qual é o correto, devemos colocar em prática atitudes concretas de solidariedade, socorro e comunhão com os de dentro e especialmente com os de fora da igreja. Oremos para que Deus nos torne uma igreja “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef. 5.27).
Com carinho e estima pastoral,
Pr. Tiago Valentin