Fast food vs. slow food (2ª. parte)

Estes sinais acom­pa­nha­rão aos que cre­rem: em meu nome (…) porão as mãos sobre enfer­mos, e estes serão cura­dos” (Mc. 16.17–18).

Ini­cio a segun­da par­te des­ta refle­xão rea­fir­man­do que creio que mui­tos, se não a mai­o­ria, dos mila­gres que vemos na tele­vi­são são verí­di­cos. Afi­nal, isso é o que nos afir­ma a pala­vra de Deus. Jesus diz aos dis­cí­pu­los que eles pode­ri­am fazer coi­sas extra­or­di­ná­ri­as em seu nome, inclu­si­ve curar enfer­mos. E, de fato, o “após­to­lo” e outros pre­ga­do­res tele­vi­si­vos inter­ce­dem pelas pes­so­as em nome de Jesus. Como Deus tem com­pro­mis­so com Sua pala­vra, os mila­gres acontecem!

Como dis­se no Boin pas­sa­do, não que­ro dis­cu­tir se naque­la igre­ja há ou não mila­gres, ou se seu pre­si­den­te é padrão de éti­ca pas­to­ral. Cabe a Deus jul­gar. Minha pre­o­cu­pa­ção está na nos­sa pos­tu­ra e for­ma de ser. Inva­ri­a­vel­men­te, faze­mos crí­ti­cas ao movi­men­to neo-pen­te­cos­tal, e pen­so que deve­mos sim cri­ti­cá-lo. Mas para isso pre­ci­sa­mos par­tir de uma posi­ção no míni­mo con­for­tá­vel ou esta­re­mos sen­do hipó­cri­tas: “Por que vês tu o arguei­ro no olho de teu irmão, porém não repa­ras na tra­ve que está no teu pró­prio?” (Mt. 7.3).

Cos­tu­mo dizer que, se não fos­sem as pes­so­as den­tro das igre­jas, elas seri­am per­fei­tas! Não há igre­ja ou dou­tri­na per­fei­ta. A úni­ca igre­ja per­fei­ta será aque­la que esta­rá reu­ni­da na gló­ria, com o Pai. Enquan­to esti­ver­mos nes­te mun­do, esta­re­mos sus­ce­tí­veis a erros e ao peca­do. Isso ser­ve para todas as igre­jas, este­jam ou não na tele­vi­são. Meu enten­di­men­to é que temos de inves­tir mais tem­po fazen­do do que cri­ti­can­do. Como o pró­prio Jesus dis­se, quem não for decla­ra­da­men­te con­tra nós é por nós. Assim, de uma for­ma ou de outra, esses movi­men­tos reli­gi­o­sos com ênfa­se na cura e na pros­pe­ri­da­de estão fazen­do a von­ta­de de Deus. Por­tan­to, não deve­ría­mos nos pre­o­cu­par tan­to com o que eles estão fazen­do, e sim com o que nós pode­mos estar dei­xan­do de fazer.

Pre­ci­sa­mos medi­tar sobre algu­mas coi­sas. Deus pode curar qual­quer enfer­mi­da­de, e não pode­mos dei­xar de minis­trar sobre a vida da igre­ja esse prin­cí­pio. Se cre­mos que o nome de Jesus é capaz de curar enfer­mos, não pode­mos duvi­dar, mas crer e orar nes­se sen­ti­do. Con­tu­do, enten­de­mos que o mais impor­tan­te é a nos­sa sal­va­ção. Jesus, ao curar o coxo, o cego, o lepro­so, dizia: “Vai, a tua fé te sal­vou!”. Logo, mais do que a cura, as pes­so­as alcan­ça­vam a sal­va­ção ao se encon­tra­rem com Cris­to. Ele gas­ta­va tem­po com as pes­so­as e, ao tra­tar com elas, Sua ênfa­se era na qua­li­da­de, e não na quan­ti­da­de. Pode­mos dizer que Ele era adep­to do slow food (comer deva­gar e com pra­zer). Jesus gos­ta­va de estar com as pes­so­as com tem­po sufi­ci­en­te para ouvir suas his­tó­ri­as e se envol­ver com elas.

Dian­te des­te mun­do que cla­ma por socor­ro, temos de denun­ci­ar o peca­do e anun­ci­ar a sal­va­ção. Tudo que ocor­re em nos­sa igre­ja ou em outras que não este­ja em con­for­mi­da­de com a Bíblia deve ser cri­ti­ca­do. Ao saber­mos o que está erra­do e qual é o cor­re­to, deve­mos colo­car em prá­ti­ca ati­tu­des con­cre­tas de soli­da­ri­e­da­de, socor­ro e comu­nhão com os de den­tro e espe­ci­al­men­te com os de fora da igre­ja. Ore­mos para que Deus nos tor­ne uma igre­ja “glo­ri­o­sa, sem mácu­la, nem ruga, nem coi­sa seme­lhan­te, porém san­ta e sem defei­to” (Ef. 5.27).

Pr Tiago Valentim

Com cari­nho e esti­ma pastoral,
Pr. Tia­go Valentin

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