“Já vos não chamarei escravos, porque o escravo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer” (João 15:15).
De 2003 a 2013, o Brasil viveu um grande período de vacas gordas e, com isso, acabou se tornando um dos três países do mundo com mais produtos digitais em que o número de celulares e smartphones é maior do que o número de habitantes. Acredito que, por conta desse fato, vivemos uma era global da tecnologia e da informação; somos pessoas com grande acesso a inúmeras informações com um clique, mas não conseguimos processar conhecimento.
Ao fazer uma pequena análise desta geração pós-moderna, cheguei a algumas conclusões:
1. Estamos nos tornando uma geração robótica. Somos cada vez mais uma geração alienada e dependente da tecnologia. A palavra “robô” vem do tcheco robota, que significa “escravo”, aquele que só faz o que lhe é ordenado. Hoje, a cada fração de segundo surge uma nova tecnologia, a qual nos sentimos obrigados a comprar para não ficarmos para trás. A ditadura da tecnologia nos deixa alienados e dependentes dela! Compramos um Iphone5 e, em meses, já lançam o Iphone7; compramos uma TV de 50 polegadas e, em pouco tempo, já oferecem no mercado uma TV de 70 polegadas. Nossa geração se tornou escrava da tecnologia. Tornar-se um robô não é só quando fazemos as coisas de modo automático, mas também quando entramos em um processo de alienação, ou seja, de perda de nós mesmos. É nessa hora que eu me desumanizo, isto é, eu me aproximo mais do mundo das máquinas e passo a fazer tudo de maneira robótica e virtual (trabalhar, relacionar-me, ir à igreja, servir a Deus etc.).
2. Estamos nos tornando uma geração que inverte valores. Sem perceber, passamos a usar pessoas e amar coisas, quando na verdade deveríamos amar pessoas e usar coisas. Essa inversão nos faz relativizar também o utilitarismo, como, por exemplo, o valor que a Bíblia tem para nós. Há algum tempo li uma frase que dizia: “Já pensou o que aconteceria se tratássemos a nossa Bíblia do jeito que tratamos nosso celular?”. E se carregássemos a nossa Bíblia sempre conosco, no bolso ou na bolsa? E se déssemos uma olha nela várias vezes ao dia? E se voltássemos para buscá-la quando a esquecemos em casa, na igreja ou no trabalho? E se a usássemos para enviar mensagens aos nossos amigos? E se a tratássemos como se não pudéssemos viver sem ela? E se a déssemos de presente para as crianças? E se a usássemos quando viajamos? E se lançássemos mão dela em caso de emergência? Mas uma coisa é certa: ao contrário do celular, a Bíblia não fica sem sinal, pega em qualquer lugar, não é necessário preocupar-se com falta de crédito, pois Jesus já pagou a conta e os créditos não têm fim, e, o melhor de tudo, a ligação não cai e a carga é para a vida toda!
3. Estamos nos tornando uma geração idólatra. Eu sou de uma época em que não existia tecnologia ao alcance de todos; minha infância não foi cercada por tablets, smartphones e celulares, mas não morri por causa disso. Hoje há pessoas que não suportam ficar sem sinal de wi-fi e não se sentem bem se estiverem desconectadas de suas redes sociais. Tais pessoas acham que sem a tecnologia não sobreviverão. De fato, a tecnologia nos auxilia muito, mas ela foi criada para nós, e não nós para ela. Hoje, sem perceber, as pessoas estão mais em busca dessas coisas do que de Deus. O Salmo 115:2–8 salienta que nos tornamos iguais ao que adoramos e buscamos, e isso é idolatria! Nossa geração tem buscado tanto a tecnologia e esse universo tecnológico que tem se tornando igual a eles: pessoas robóticas, androides com muita capacidade de gerir informações e com pouca memória. Assim, temos uma geração intensa, mas com pouca bateria, cansada (ao mesmo tempo que quer tudo, não faz nada); uma geração que se conecta com tudo e todos, mas não se responsabiliza por nada; uma geração que tem milhares de seguidores e amigos virtuais, mas não tem amigos reais. Aos poucos, se não se cuidarem, essas pessoas se tornarão máquinas, robôs, autômatos, uma geração solitária, fria, descartável e sem vida independente, igualzinho às máquinas.
Mas você pode dar o seu grito de independência da tecnologia e de total dependência de Deus! A escolha ainda é sua, pois o plano inicial de Deus nunca foi criar pessoas robóticas, seres automatizados; Deus criou a humanidade para se relacionar com Ele como um amigo. Para Deus, seria muito bom se você de fato fosse como um robô, obediente e servil, que executasse todos os comandos – não pensasse por você mesmo, apenas executasse; mas aí a adoração a Ele não seria verdadeira, não seria autêntica; seu relacionamento com Ele não seria sincero, mas apenas virtual e programado.
Deus não anda à procura de escravos (robôs). Ele anda à procura de amigos que O adorem em espírito e em verdade.
Um abraço de seu companheiro de caminhada,
Rev. Israel Rocha