Entre 1996 e 1997, foi ao ar pela Rede Globo uma telenovela chamada O Rei do Gado, na qual um próspero fazendeiro era interpretado pelo ator Antônio Fagundes, muito conhecido por seus inúmeros trabalhos na televisão, no teatro e no cinema.
Essa novela provocou um fascínio muito grande pelas coisas rurais. Nela se viam fazendas enormes, com muitas cabeças de gado, aparentando uma vida bonita que atraía as pessoas, principalmente quem morava no interior.
Na mesma época da novela, um certo Paulo Roberto de Andrade, até então considerado um empresário moderno e inovador, criou uma espécie de cooperativa de investimento, a Fazendas Reunidas Boi Gordo, na qual o participante colocava uma soma em dinheiro correspondente à compra de uma cabeça de gado. O empreendimento ficou famoso por uma propaganda estrelada exatamente por Antônio Fagundes, nos intervalos de O Rei do Gado.
Tempos depois, descobriu-se que a empresa funcionava como uma pirâmide financeira, pagando os contratos vencidos com o dinheiro da entrada de novos investidores. Quando os saques começaram a superar os investimentos, a pirâmide desmoronou. O golpe atingiu milhares de brasileiros, que acreditavam estar investindo seus recursos em bois para lucrarem muito depois.
A Boi Gordo prometia um rendimento de 42% em 18 meses, ganho que superava de longe qualquer outro investimento da época. Mas esse lucro estava muito acima das possibilidades de mercado. E o pior: planilhas oficiais abalizavam o negócio, apontando lucros em torno de 9% a 10% ao ano.
Esse grande golpe durou quase dez anos e iludiu muita gente. De repente, o que parecia um grande negócio ruiu, faliu, levando muitas famílias à queda financeira. Cerca de 30 mil investidores perderam aproximadamente R$ 3,9 bilhões.
Na propaganda da Boi Gordo, Fagundes dizia que também fazia parte do projeto, o qual seria altamente rentável e seguro. Muitos acreditaram e depositaram seu dinheiro e esperanças ali, pois a aparência do negócio era a melhor possível. Foram iludidos pela propaganda e também pelo governo.
A palavra de Deus nos diz para sermos simples como a pomba e prudentes como a serpente (Mt 10:16). Ninguém conhece profundamente a natureza humana. Muitos se apresentam com uma bela aparência e uma figura perfeita, dizendo que aquilo que nos oferecem vai nos fazer bem. Mas será que é isso que Deus quer para nós? Como, então, fugir dessas ciladas?
A resposta é simples. Tudo o que fizermos, qualquer plano, qualquer tomada de decisão, deve ser colocado para o Senhor. Somos afoitos e queremos resolver as coisas ao nosso modo. Mas precisamos criar o hábito de colocar tudo nas mãos de Deus. Ele é o único em quem podemos confiar, pois nunca mentiu e nunca vai fazer isso.
Deus é totalmente confiável. Podemos nos jogar em Seus braços como uma criança que, sem medo, atira-se no colo do pai, pois sabe que ele irá segurá-la.
O Senhor garantiu que nunca nos deixaria, nunca nos abandonaria (Hb 13:5). Ele estará conosco, mesmo que não sintamos nada. Embora seja o Deus todo-poderoso, ele é um Deus pessoal. Sabe tudo o que se passa conosco, nossos medos, nossas aflições, nossa insegurança. Diante d’Ele, não precisamos de máscaras, pois Ele nos vê por completo e nos conhece melhor do que nós mesmos.
Esse é o Nosso Deus, que diz: “Conheço você muito bem e você é especial para mim. Eu conheço você pelo nome!” (Êx 33:12,17).
Então, em quem você vai acreditar?
Por Adriana Feitosa, membro da Igreja Metodista em Itaberaba