Você é demais

3000 anos antes da inven­ção do apa­re­lho de ultra-som o Espí­ri­to San­to reve­la a Davi que Deus já son­da­ra o inte­ri­or do ven­tre de sua mãe des­de a sua con­cep­ção e garan­tiu com a Sua mão que do encon­tro de duas célu­las ocor­res­sem bilhões de mul­ti­pli­ca­ção até que um ser úni­co come­ças­se a surgir.

Da mes­ma for­ma acon­te­ceu com você que está len­do esse tex­to. Você foi for­ma­do de um modo assom­bro­sa­men­te mara­vi­lho­so e Deus o dotou de um cére­bro capaz de arma­ze­nar milhões de infor­ma­ções, solu­ci­o­nar os pro­ble­mas mais intrin­ca­dos, ima­gi­nar e fazer coi­sas que com­pu­ta­dor algum exis­ten­te no mun­do pode fazê-lo. Nenhum motor é igual ao seu cora­ção que bom­beia 9 mil litros de san­gue por dia e ao lon­go de sua vida vai bom­be­ar uma quan­ti­da­de capaz de encher 23 mil cami­nhões-tan­que com capa­ci­da­de de 10 mil litros cada. Seu sis­te­ma ner­vo­so, pul­mões, olhos, ouvi­dos, fazem ope­ra­ções tão com­pli­ca­das que nem uma rede dos mais avan­ça­dos com­pu­ta­do­res con­se­gui­ria igualar.

Você foi sonha­do por Deus e pla­ne­ja­do para ser úni­co. Em todo o pla­ne­ta Ter­ra nun­ca hou­ve e nun­ca have­rá nin­guém igual a você. Você é úni­co no seu jei­to de falar, pen­sar, sor­rir, a for­ma que come, o jei­to que dor­me, o seu olhar, a sua for­ma de amar…

Deus lhe fez com poten­ci­al que tal­vez você ain­da não des­co­briu, capacitou‑o, dotou‑o de for­ça, gra­ça e sen­si­bi­li­da­de… e que­brou o seu mol­de para que nun­ca mais haja nin­guém igual a você.

A úni­ca coi­sa que Deus dese­ja é que “você seja você” – sem tirar nem pôr. Você tem a sua iden­ti­da­de que o dife­ren­cia de todos os outros huma­nos. Seu pai e sua mãe são “eles”, o que sig­ni­fi­ca que você nun­ca pode­rá ser-lhes igual, sem que você com isso per­ca algu­ma coisa.

Pau­lo diz: pela gra­ça de Deus sou o que sou. É isso aí! Nem mais nem menos.

Mas vai aqui um aler­ta: tal­vez você ain­da não este­ja viven­do o seu ver­da­dei­ro eu. Tal­vez o que este­ja mos­tran­do ao mun­do não é “intei­ra­men­te” você. Expli­co: mui­tas vezes na infân­cia temos medo de expres­sar nos­so ver­da­dei­ro sen­ti­men­to, temen­do per­der o amor de alguém, ou cres­ce­mos jul­gan­do-nos infe­ri­o­res – sen­ti­men­to de ver­go­nha – e então escon­de­mo-nos atrás de uma más­ca­ra que não expres­sa o nos­so ver­da­dei­ro eu. Per­ce­be? É por isso que há tan­ta gen­te sen­tin­do um vazio den­tro de si, e não sabe mui­to bem expli­car porquê, é por isso que mui­ta gen­te não sabe se gos­ta de tal coi­sa ou não gos­ta, ou então não con­se­gue deci­dir sobre o que fazer dian­te de uma deter­mi­na­da situ­a­ção. É que aca­ba haven­do um con­fli­to lá den­tro entre o ver­da­dei­ro “eu” (escon­di­do) e o per­so­na­gem (o palha­ço, o zan­ga­do, o for­te, o frá­gil) que você cri­ou no decor­rer dos anos.

A timi­dez pode escon­der um ser vívi­do e ale­gre que sem­pre foi impe­di­do quan­do cri­an­ça de mani­fes­tar-se. A rai­va pode escon­der alguém que está sufo­ca­do. A fal­ta de afe­ti­vi­da­de pode ocul­tar um ser bas­tan­te sen­sí­vel que está aí den­tro. A agres­si­vi­da­de nor­mal­men­te escon­de um ser frá­gil e acu­a­do que está pedin­do socorro.

É tris­te obser­var que o mun­do de hoje pro­duz jovens sem um “eu pró­prio”, mas­si­fi­ca­dos, sem opi­nião pró­pria, cada um que­ren­do imi­tar o outro, usan­do o mes­mo lin­gua­jar, as mes­mas expres­sões… E a igre­ja, por seu lado, tem pro­du­zi­do “cren­tes clo­na­dos”: se não pen­sa igual a todos, “não está na visão” ou “não está no Espí­ri­to” ou, ain­da pior – é cha­ma­do de des­vi­a­do. É incrí­vel como mui­tas igre­jas lega­lis­tas, matam toda cri­a­ti­vi­da­de e espon­ta­nei­da­de, pois para eles o dia­bo é que traz o dife­ren­te. O mes­mo tipo de padro­ni­za­ção se vê no lin­gua­jar. Será que nin­guém mais sabe se cum­pri­men­tar sem ser “paz­se­nhor irmão?”

Além do mun­do e de uma par­ce­la de igre­jas, o dia­bo é outro que ten­ta des­fi­gu­rar as pes­so­as rou­ban­do-lhes a iden­ti­da­de, o seu “eu”. Aque­le gada­re­no ende­mo­ni­nha­do afir­ma­va se cha­mar Legião – por haver mui­tos, e não ape­nas um den­tro de si. Era um ser frag­men­ta­do, por isso não podia viver em famí­lia, amar a espo­sa e brin­car com os filhos. Mas quan­do Jesus vem em sua vida, res­tau­ra-lhe a iden­ti­da­de. E o que Jesus faz depois? Manda‑o de vol­ta para casa, pois só ago­ra – ele sen­do ele mes­mo – é que pode­ria viver a vida no lar.

O Espí­ri­to San­to não rou­ba a iden­ti­da­de de nin­guém, mas per­mi­te que todo o nos­so poten­ci­al seja desa­bro­cha­do e vivi­do com toda a inten­si­da­de, pois onde está o Espí­ri­to do Senhor, aí há liber­da­de inte­ri­or. E o melhor de tudo é que Deus não ter­mi­nou a obra em sua vida (Ef 2.10). Ele está ape­nas começando.

Pr. Daniel Rocha

Pr. Dani­el Rocha

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.