O paradigma da vida e do ministério de Jesus foi o discipulado, ou seja, o modelo ministerial e missionário de Jesus estava baseado na reprodução de um estilo de vida marcado por um relacionamento de graça, de amor e de comprometimento. Quando relemos a Bíblia, encontramos o paradigma do discipulado tanto no Antigo Testamento como no Novo, sobretudo no ministério terreno de Jesus. Da mesma forma, ao reler a história do metodismo, observamos que também John Wesley fundamentou em pequenos grupos de discipulado o movimento que ele iniciou.
Nossa motivação enquanto metodistas e cristãos é adotar o discipulado como um “modo de ser”, um “estilo de vida” pessoal e comunitário, sendo também uma “forma de pastoreio” a ser desenvolvida em nossa comunidade e uma “estratégia” na maneira de sermos Igreja.
O discipulado não visa ser tão somente um processo didático de aprendizagem nem tampouco uma forma pragmática de crescimento para a Igreja. É algo bem mais relacional, que busca, à luz do próprio Cristo, fundamentar a comunhão, a convivência, a comunicação e a formação do caráter das pessoas relacionadas com o Senhor e com a Sua comunidade – a Igreja, corpo vivo de Cristo. Essa foi a maneira de ser de Jesus com a Sua comunidade primitiva e da comunidade apostólica, bem como a convivência inspiradora, fraternal e comunal do povo chamado metodista, a partir de sua grande expressão, John Wesley.
Discipulado é um estilo de vida, uma maneira de ser em que as pessoas se relacionam, entram em comunhão, acolhem umas às outras, compartilham o que são, sentem e carecem; oram umas pelas outras, louvam e adoram ao Senhor juntas e estudam a Palavra à luz da graça, da experiência e da razão da comunidade de fé.
Quando se relacionava com uma pessoa, Jesus não a via como alguém “a ser ganho”, mas como alguém a “ser amado”, com quem Ele desejava “partilhar a Sua graça”. Jesus levava em conta a personalidade de cada um com quem se relacionava. Isso significa considerar a sua situação concreta, a sua realidade, as suas necessidades, os seus interesses e as suas peculiaridades. Conhecer, conviver e levar em consideração a situação que a pessoa vivencia, a partir do Evangelho, nos permitem dar testemunho e levá-la a desejar tornar-se discípula do Senhor. Discípulos frutificam outros discípulos com autenticidade e transparência, e não com “máscaras”.
É nesse sentido que o discipulado se caracteriza como um estilo de vida, pois diz respeito à maneira como vivemos, ao testemunho diário que damos em casa, na escola, no trabalho e na igreja. Nós nos tornamos discípulos e fazemos discípulos para Jesus no caminho, convivendo com as pessoas. Portanto, a forma como nos relacionamos com elas sinaliza nosso estilo de vida. Assim, quando nossos relacionamentos se dão com base nos valores ensinados por Jesus, naturalmente assumimos um estilo de vida fundamentado no discipulado.
É com esse espírito e esse sentimento que testemunhamos, nos relacionamos com os outros e buscamos fazer discípulos, confiando na genuinidade do nosso amor e da nossa maneira de ser, na graça e no poder do Evangelho e na ação do Espírito Santo. A sociedade atual muitas vezes considera as pessoas como objetos. Mas para Jesus não é assim. E não deve ser assim para aqueles que caminham com Ele. Cada pessoa é alguém a quem Ele ama com todo o Seu ser e deve ser amada por nós também.
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin