Vida temporal e vida eterna

San­ta Ceia”, por Nora Sallows

Hoje é um dia mui­to espe­ci­al, pois tere­mos o pri­vi­lé­gio de cele­brar a Ceia do Senhor, opor­tu­ni­da­de na qual reme­mo­ra­mos o sacri­fí­cio de Jesus Cris­to, a expres­são máxi­ma do amor de Deus por toda a Cri­a­ção. Por esse ato, cele­bra­mos a vida eter­na con­ce­di­da por Jesus a todos nós. Entre­tan­to, mais uma vez ire­mos cele­brar a Ceia num for­ma­to mui­to pecu­li­ar, pois nos­sa comu­nhão se dará on-line, em razão das res­tri­ções impos­tas a todos pela pan­de­mia. Des­se modo, somos leva­dos hoje a refle­tir sobre a vida em duas pers­pec­ti­vas: a tem­po­ral e a eterna.

Essa refle­xão nos reme­te a pen­sar em outro cená­rio que tam­bém pare­ce unir opos­tos, assim como a vida tem­po­ral e a vida eter­na. Esta­mos falan­do do Rei­no de Deus. Como sabe­mos, a famí­lia de Jesus vem de uma linha­gem real. José, Seu pai, era des­cen­den­te do Rei Davi (Mt 1:11–6) e, por­tan­to, Jesus pode­ria, a qual­quer momen­to, rei­vin­di­car o tro­no de Isra­el. Com o nas­ci­men­to do Mes­si­as, res­sur­gia entre os judeus a espe­ran­ça da res­tau­ra­ção do seu rei­no. No entan­to, Jesus frus­trou as expec­ta­ti­vas dos pode­ro­sos ao mor­rer na cruz do Cal­vá­rio. Afi­nal, como pode­ria o rei de Isra­el ser cru­ci­fi­ca­do? Con­tu­do, é na res­sur­rei­ção que temos a “ins­tau­ra­ção” do Rei­no de Deus.

Duran­te Sua vida e Seu minis­té­rio, Jesus esta­be­le­ceu as bases do Rei­no de Deus. As ati­tu­des e a pre­ga­ção do Mes­tre sina­li­za­ram o que Deus dese­ja­va e con­ti­nua dese­jan­do para toda a Sua Cri­a­ção. Os fun­da­men­tos foram lan­ça­dos e até a inau­gu­ra­ção acon­te­ceu. Mas pode­mos dizer que vive­mos no Rei­no de Deus? Um mun­do com uma pan­de­mia como a que esta­mos viven­do pare­ce um rei­no divino?

Teo­lo­gi­ca­men­te, dize­mos que se tra­ta do “já” e do “ain­da não”. O Rei­no de Deus já é uma rea­li­da­de, mas ain­da não está con­cre­ti­za­do. Por isso, mes­mo que o Rei­no ins­tau­ra­do por Jesus seja uma ver­da­de, há mui­to ain­da por ser fei­to, e nós fomos incum­bi­dos des­sa tare­fa. Deus cri­ou todas as coi­sas, ide­a­li­zou um rei­no per­fei­to e ple­no, mas o peca­do aden­trou no mun­do e as tre­vas toma­ram con­ta des­se rei­no. Entre­tan­to, a luz veio ao mun­do para ilu­mi­nar e dar espe­ran­ça de que aque­le rei­no de paz, jus­ti­ça e ale­gria pode­ria ser res­tau­ra­do. E foi isso o que Jesus fez. A nós nos cabe a mis­são de ser­mos luzei­ros do Senhor, sob a capa­ci­ta­ção e unção do Espí­ri­to San­to. Temos a tare­fa de sina­li­zar e con­cre­ti­zar o Rei­no de Deus nes­ta vida tem­po­ral, com os olhos na eternidade.

Nes­te tem­po pre­sen­te, de tan­tas per­das e frus­tra­ções, pre­ci­sa­mos de uma pers­pec­ti­va da eter­ni­da­de, ou seja, há uma vida ple­na e abun­dan­te, há um Rei­no sem injus­ti­ças e doen­ças e, por meio do sacri­fí­cio de Jesus, já pode­mos des­fru­tar, ain­da que par­ci­al­men­te, des­sa rea­li­da­de. Por isso, pre­ci­sa­mos olhar para o eter­no, cui­dan­do do tem­po­ral. A vida eter­na pre­ci­sa ser vivi­da aqui e ago­ra, para que todos sai­bam que há algo que vai além das limi­ta­ções, dores, temo­res e per­das da vida temporal.

Que pos­sa­mos apro­vei­tar o tem­po duro que esta­mos viven­do para bus­car sabe­do­ria e gra­ça, a fim de que o Rei­no de Deus pos­sa ser sina­li­za­do em nos­sos lares, no seio de nos­sas famí­li­as. Onde quer que este­ja­mos, que pos­sa­mos per­mi­tir que a luz de Cris­to bri­lhe em nós e atra­vés de nós, para que a vida eter­na res­sig­ni­fi­que a vida temporal.

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valentin

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