“Ir e fazer discípulos é a missão da Igreja de Jesus Cristo. Igreja que não evangeliza estagna e morre. Ao evangelizar, a Igreja cumpre o mandamento de Jesus e, ao mesmo tempo, provê seu crescimento e sua continuidade como agência relevante neste mundo. Esse crescimento não pode ser meramente vegetativo, quando há somente o batismo de filhos de crentes, mas multiplicador, com o alcance de novas vidas e famílias para Cristo, as quais engrossarão as fileiras dos salvos.”
Esse texto do Pastor Jeremias Pereira, da Igreja Presbiteriana, nos faz pensar que há muitos indicativos que podem sinalizar que uma igreja está cumprindo o propósito de Deus; mas um deles certamente é o crescimento quantitativo. A Palavra de Deus nos afirma, em Atos 2:47, que o Senhor acrescentava dia a dia os que iam sendo salvos. Esse trecho bíblico nos traz algumas lições: primeiro, o crescimento quantitativo da Igreja é bíblico; segundo, é Deus quem dá o crescimento quantitativo (1 Co 3:6–7); terceiro, o crescimento quantitativo é reflexo de uma igreja saudável e que busca antes de tudo agradar a Deus. Os integrantes da igreja primitiva estavam atentos a quem não fazia parte dela e eram intencionalmente agradáveis e simpáticos com aqueles que ainda não reconheciam o amor de Deus.
Se o crescimento é resultado do comprometimento da igreja com Deus e com o próximo, por que muitas comunidades, que aparentemente são sérias, não crescem? O Bispo Nelson Campos Leite, da Igreja Metodista, apontou um dos possíveis problemas. Ele argumenta que muitas igrejas locais não avançam na missão por não terem a evangelização como prioridade. Algumas comunidades estão mais interessadas em patrimônio e não investem como deveriam no avanço missionário, diz ele. “Quando esse avanço for o principal foco, certamente iremos crescer.” Ainda segundo o Bispo Nelson, nosso crescimento, quando existe, é tão inexpressivo porque nosso foco está voltado para a manutenção da igreja, e não para sua expansão.
Talvez seja aquilo que o Pastor Hernandes Dias Lopes, da Igreja Presbiteriana, chama de “numerofobia”, que, segundo ele, é a fobia de alguns pela ênfase no crescimento numérico: “Tentam, com isso tapar o sol com a peneira das desculpas. Dizem que estão mais interessados em qualidade do que em quantidade. A pergunta é: existe qualidade estéril? Esse tipo de desculpa esconde uma atitude omissa, uma preguiça espiritual. O correto é buscar o crescimento saudável da igreja”.
Uma igreja que se santifica é revivificada pelo poder do Espírito Santo, e esse processo bíblico e wesleyano leva naturalmente a igreja a crescer. Muitas pessoas se sentem incomodadas quando o assunto é crescimento. Esses críticos logo dizem que o importante é crescer em qualidade, pois a quantidade será uma consequência. Isso, porém, é uma armadilha muito sutil. Podemos ter muita qualidade, mas apenas para os que já são da igreja. E qualidade sem propósito faz a igreja infértil. Sem santidade e sem o renovo do Senhor, não somos capazes de crescer, não somos capazes de ser igreja.
A pergunta para reflexão que podemos fazer é a seguinte: nosso crescimento qualitativo tem sido proporcional ao nosso crescimento quantitativo? Pois de nada adiantará termos um excelente coral, ótimos grupos de louvor e pessoas qualificadas em todas as áreas da igreja se tudo isso não resultar em vidas transformadas. Uma igreja séria, que tenha um desejo verdadeiro e bem-intencionado para o crescimento numérico, certamente será abençoada por Deus. Deus já fez cem por cento em nosso favor. Cabe agora a nós fazermos os nossos cem por cento.
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin