“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Efésios 4:1–6).
Na minha adolescência, eu não gostava nem um pouco de participar dos concílios da minha igreja local, principalmente por não entender o quanto aquilo era importante. O que fez mudar minha visão sobre concílios foi uma expressão que ouvi e me chamou muito a atenção. A frase foi a seguinte: “Concílio também é uma forma de prestar culto a Deus!”. Constatei que isso é um fato. O concílio tem uma dimensão espiritual que se equivale a um culto de louvor e adoração. No concílio há uma intensa e verdadeira manifestação do Espírito Santo, pois só por meio de Sua ação é que somos capazes de ter “um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai”.
Na Igreja Metodista, realizamos concílios em todos os níveis de sua estrutura. Isso porque a forma de governo da nossa igreja é a representativa, ou, como comumente chamamos, uma democracia. Sim, a Igreja Metodista é e possivelmente sempre será democrática. Simplificadamente, entendemos que clérigos e leigos devem caminhar lado a lado para cumprir a missão. No dia a dia da igreja, usamos a expressão “o concílio é soberano”. Isto é, a decisão conciliar está acima da vontade individual, seja de clérigos, seja de leigos. Democraticamente, tomamos as decisões a respeito da caminhada da igreja levando sempre em consideração o voto da maioria.
É bem diferente do que acontece no islamismo, com os aiatolás, na Igreja Católica Apostólica Romana, com o papado, e, curiosamente, entre a maioria das igrejas neopentecostais e seus apóstolos, que vivem um sistema de governo teocrático, no qual Deus é personificado na figura do líder ou governante. Como podem três linhas religiosas tão distintas entre si convergirem em algo? Pois isso ocorre pelo menos por duas razões ou erros.
Primeiramente, viver a democracia é um grande desafio que nem todos aceitam enfrentar. Isso porque a democracia dentro da igreja exige que seus líderes sejam humildes para reconhecer que nem sempre suas opiniões são as melhores; e tolerantes para acatar decisões que podem muitas vezes ser contrárias às suas. Devem, acima de tudo, ter o mínimo de instrução para saber orientar e conduzir seus liderados. Não há lugar para sacerdotes onipotentes e oniscientes. Falta às lideranças o entendimento de que a unidade da igreja expressa sua saúde espiritual.
Em segundo lugar, alguns grupos religiosos, entre os quais os já citados, optam pela teocracia em detrimento da democracia por não conhecerem a Palavra de Deus (Mt 22:29). No capítulo 15 de Atos, o texto bíblico nos apresenta um episódio de suma importância na história da igreja, o chamado Concílio de Jerusalém, ou Primeiro Concílio, no qual uma questão de ordem doutrinária é debatida pela liderança da Igreja. Seu desfecho é a tomada de uma decisão em conjunto com a comunidade. Temos aí a clara demonstração de que a Igreja era e deve continuar a ser conduzida de maneira democrática.
Hoje vamos realizar em nossa igreja um Concílio Local. Teremos, portanto, a oportunidade de cultuar a Deus permitindo que Seu Espírito se manifeste em nós e por meio de nós. Que possamos fazer isso com responsabilidade e temor Àquele que é o centro, o cabeça da Igreja: Jesus Cristo.
Que Deus abençoe nossas vidas e Sua Igreja!
Forte abraço
Tiago Valentin, pastor