Chá, poesia e alegria

Não rejei­ta­rás um cora­ção que­bran­ta­do e con­tri­to” (Sal­mos 51:17).

Rei Davi”, por Joseph Roit­ner (1957)

Davi é um dos per­so­na­gens bíbli­cos mais conhe­ci­dos e acla­ma­dos da Pala­vra de Deus. Depois de Jesus e do após­to­lo Pau­lo, é um dos mais cita­dos. Sua cora­gem, sua lide­ran­ça, seu rei­na­do, suas estra­té­gi­as mili­ta­res e suas gran­des con­quis­tas fize­ram dele gran­de entre os homens e reco­nhe­ci­do como tal. Con­tu­do, ao citar­mos Davi, mui­tas vezes nos esque­ce­mos de falar de seu lado poe­ta, de sua alma de ado­ra­dor e da ale­gria que tinha ao tomar “um chá da tar­de” ao lado de Deus.

Uma de suas mai­o­res vir­tu­des dian­te de Deus era o der­ra­mar do seu cora­ção. Deus aten­tou ao pro­fe­ta Samu­el a res­pei­to dis­so quan­do este foi até Jes­sé esco­lher um novo rei para ser ungi­do. Deus falou assim para Samu­el: “O Senhor não vê as coi­sas como o ser huma­no as vê; as pes­so­as jul­gam pela apa­rên­cia exte­ri­or, mas o Senhor olha para o cora­ção” (1 Sm 16:7).

Segun­do meu enten­di­men­to o “cora­ção poe­ta” de Davi arre­ba­ta­va o amor de Deus por ele. Poe­tas têm a capa­ci­da­de de enxer­gar com outro olhar, de expres­sar o coti­di­a­no de for­ma leve, de trans­for­mar as lágri­mas e a dor em pala­vras que enchem a alma e a podem consolar.

Deus visi­ta­va Adão todas as tar­des, na vira­ção do dia, para tomar um chá (ou café, se você pre­fe­rir) e, nes­sa cele­bra­ção da vida, ouvia de Adão seus sen­ti­men­tos e cele­bra­va com ele a vida. Por con­se­guin­te, Adão rece­bia de Deus a Sua ami­za­de, o Seu amor e a Sua com­pa­nhia. Ah! Davi sabia dis­so e, mes­mo sen­do for­te e guer­rei­ro, enten­deu que a pre­sen­ça de Deus esta­va na músi­ca, no ven­to, na natu­re­za, na humil­da­de, num cora­ção sin­ce­ro e ínte­gro para com Ele. Por isso, Davi can­ta­va, poe­ti­za­va, cho­ra­va, sor­ria e cele­bra­va com Deus Seu amor e amizade.

Davi, mes­mo sen­do falho e peca­dor, agra­dou a Deus e por Ele foi mui­tís­si­mo ama­do. Em alguns de seus sal­mos, pode-se sen­tir o sus­pi­rar de Davi pela pre­sen­ça e afa­go de Deus. “Entre­gue o seu cami­nho ao Senhor; con­fie nele, e ele o aju­da­rá” (Sl 37:5.

Na poe­sia, Davi ado­ra­va; na poe­sia, Davi recla­ma­va; na poe­sia, Davi con­fi­a­va; na poe­sia, Davi cho­ra­va… E a “Poe­sia” se fez car­ne e habi­tou entre nós! Cada sal­mo é um cân­ti­co de almas entre­gues ao Cri­a­dor, por­ções dadas em momen­tos de inti­mi­da­de, em saraus da vida, em chás da tar­de, em momen­tos de gozo ou de tris­te­za. E essa é a mai­or ale­gria divi­na: fazer par­te de cada par­te do que somos, de cada cho­ro que cho­ra­mos, e nos aco­lher da for­ma como esta­mos e somos.

O que a Poe­sia espe­ra de nós? Que a dese­je­mos e que a bus­que­mos! Na vida, em nós, no sol, no céu, no can­to, no pran­to, no riso, na ale­gria, na dor, no amor.

E a Poe­sia se fez Amor! E feli­zes são os que con­ti­nu­am poe­ti­zan­do para Deus, com Deus e em Deus. E a Poe­sia se fez Vida e con­ti­nua entre nós!

Encer­ro com esta fra­se do escri­tor e filó­so­fo fran­cês Albert Camus: “Só conhe­ço uma obri­ga­ção: a de amar”.

Pra. Laura

Lau­ra Cos­ta Valen­tin, pastora

One Reply to “Chá, poesia e alegria”

  1. A paz
    Lin­da e ins­pi­ra­do­ra poesia

    Para­béns e que Deus autor de toda poe­sia aben­çoe sem­pre suas pre­ci­o­sas vidas.

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