Em 24 de maio de 1738, John Wesley, considerado o fundador do movimento metodista, passou por aquilo que foi chamado de “experiência do coração aquecido”. A Igreja Metodista tem essa marca em sua origem: surgiu a partir de uma experiência de avivamento pessoal que posteriormente se tornou coletivo.
Esse avivamento metodista remonta àquilo que ocorreu na festa de Pentecostes, registrada na Bíblia em Atos, capítulo 2, quando a cidade de Jerusalém estava cheia para essa celebração, que ocorre 50 dias depois da Páscoa. Num cenáculo, estavam reunidas 120 pessoas aguardando o cumprimento da promessa que se deu quando o Espírito Santo foi derramado sobre cada um daqueles que estavam ali perseverando.
Muitas foram as consequências da descida do Espírito Santo, entre elas uma mudança de paradigma da prática religiosa das pessoas do primeiro século. A expressão religiosa que se dava no templo estendeu-se para as casas. Com a ação transcendente e consequentemente abrangente do Espírito Santo, o templo deixou de ser o “único” lugar de Deus falar e agir, e as pessoas descobriram que, ao se reunirem em suas casas, podiam desfrutar da presença do Senhor.
Isso nos mostra que as casas, e, portanto, as famílias, passaram a ser, nas palavras do pastor Hernandes Dias Lopes, “um lugar sagrado, uma verdadeira Betel, casa de Deus.[…]. O Pentecostes colocou a religião nos lares”.
Quando analisamos algumas histórias de avivamento, percebemos esse traço em comum: o avivamento ligado ao contexto familiar. O próprio John Wesley sempre teve a companhia de seu irmão, Charles Wesley, um com ênfase na pregação e o outro com ênfase na música. Ambos viraram a Inglaterra do século XVIII de ponta-cabeça.
Já o avivamento da Rua Azusa, nos Estados Unidos, teve a sua gênese não na famosa rua de Los Angeles, mas na casa da família Asberry, que abriu suas portas para reuniões de oração e estudos bíblicos. Somente quando o lugar já não comportava mais o número de pessoas e o poder de Deus foi que William Seymour transferiu o trabalho para o estábulo da Rua Azusa.
Evan Roberts, precursor do avivamento no País de Gales, teve suas primeiras experiências no seminário e, quando sentiu que o Espírito Santo queria fazer algo maior em sua vida e por meio dela, foi para sua casa compartilhar tudo o que sentia com sua família.
Que boa coincidência para nós metodistas celebrarmos no mês de maio o Coração Aquecido e o Mês da Família! Coincidência ou “Jesuscidência”, neste mês esses dois temas se reencontram: Avivamento e Família. Esta é, portanto, uma ótima oportunidade para refletirmos o quanto nossas casas têm sido um verdadeiro espaço para a manifestação da graça, do poder e da unção do Espírito Santo. Como tenho dito, Deus não aviva prédios ou instituições. Ele aviva pessoas. E uma das prerrogativas do avivamento é a santidade. O significado de santidade é consagração, transformação, mudança. Quando pensamos nos desafios do convívio familiar, percebemos que Deus usa esse convívio para nos tratar, nos aperfeiçoar, nos santificar. Se queremos uma igreja avivada, precisamos de famílias santificadas.
Perdoe, dialogue, releve, reconsidere, ame seus familiares. O Espírito Santo precisa habitar em nossas casas para que, por meio da Sua ação, possamos ser convencidos do pecado e do juízo. Que em nossas casas não haja espaço para o rancor, para a falta de perdão, para o desamor, e que haja santidade em nossas famílias para que o Espírito Santo seja derramado mais uma vez!
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin
Excelente explanação!