“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3:1)”
Como dizia o falecido poeta Cazuza, “o tempo não para!”. Existe um curso natural para as coisas: nascemos, morremos, plantamos, colhemos… Vivemos sempre ou frequentemente escravos disso a que chamamos tempo (chronos, em grego), o tempo sequencial, que contabilizamos em dias, meses, anos. Nesse tempo cronológico, um ano tem 365 dias (366, se bissexto), que se dividem em 12 meses; cada mês tem cerca de 30 dias, e cada dia tem 24 horas; a hora, por sua vez, tem 60 minutos, e cada minuto contém 60 segundos… Ufa! E, a cada palavra que escrevo, vou ficando mais velho, mais experiente, mais sábio etc. Bem, era para ser assim, pois, como pede Moisés em seu único salmo publicado na Bíblia: “Ensina-nos a contar nossos dias para que alcancemos um coração sábio” (Sl 90:12).
Muitos cristãos estão trocando a sabedoria de viver por malandragem de vida, porque, afinal de contas, é como diz o ditado: “Malandro é malandro e mané é mané”. Mas a vida não está na malandragem, e sim na sabedoria da simplicidade e da vitalidade. E a velha canção de Roberto e Erasmo Carlos nos traz o grande dilema: “É preciso saber viver”!
Que proveito tem alguém em ganhar sua vida e perder o seu tempo? Que proveito existe em administrar bem as próprias finanças e esquecer de que é preciso viver?
Nós seres humanos estamos sempre em busca de resultados, e essa é a nossa economia (do grego oikonomía: oikos = casa; nomos = administração). Mas será que temos cuidado bem da nossa casa (nossa vida)? A economia divina, porém, é diferente da nossa: ela não nos garante resultados econômicos, e sim vitalidade!
Deus colocou a eternidade em nós para que possamos viver o tempo d’Ele (kairós) com sabedoria, a fim de que possamos ser renovados dia após dia, como deseja o profeta em Lamentações 3:21–24: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a Tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei n’Ele”.
É por isso que a ceia do Senhor, o momento da eucaristia, é um memorial: “Fazei isto em memória de mim” (1 Co 11:24b). A sabedoria da vida está em vivê-la em Cristo e para Cristo, porque Cristo em nós é esperança de glória.
Assim, podemos aprender a decifrar qualquer enigma e a transformar o dilema da vida em força vital!
Rev. Israel Alcântara da Rocha