“Ora, o Espírito afirma que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé…”(1Tm 4.1)
A apostasia chegou. Ela foi entrando sorrateiramente na Igreja nos últimos dois séculos, e evoluiu rapidamente nestes últimos anos. São tempos difíceis, de enganos, de lassidão, de esfriamento do amor, de proliferação de doutrinas estranhas. Diz a Bíblia que as pessoas perderiam a afetividade, seriam egoístas, amantes de si mesmas, tendo forma de piedade, e o individualismo e a falta de amabilidade passariam pelos púlpitos e bancos das igrejas.
Ironicamente estes são tempos de uma grande busca pela “espiritualidade”. Nunca se teve tanta busca por igrejas, tantos livros religiosos, tanta rádio gospel, tantos louvores proféticos e marchas.
O homem contemporâneo busca uma espiritualidade – qualquer uma — que possa lhe estancar o desespero existencial. De um lado estão os esotéricos, para quem Deus é uma força cósmica, uma energia impessoal que precisamos captar. De outro, as religiões orientais, como o budismo, que pretende purificar a mente através da meditação contemplativa. Acompanhando estes existe uma boa parcela de cristãos, não à busca de Deus, mas de experiências, de sensações agradáveis, de coisas que dão certo… (busca-se o que funciona e não o que está na Palavra).
Há tantas coisas erradas hoje no meio cristão que nos fazem recordar a época do rei Manassés que levou Israel a pecar de uma tal maneira “que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído” (2Cr 33.9).
Creio que a palavra chave para se compreender tal estado de coisa é – concessão. A Igreja, para angariar simpatias se tornou sal insípido para ser simpática à sociedade, e fez concessões. Nem precisa dizer que uma igreja tolerante assim não incomoda ninguém. Jesus nunca fez concessões com os líderes religiosos de sua época. Paulo nunca contemporizou com os falsos apóstolos, pelo contrário, denunciou-os publicamente. Aos esotéricos de Éfeso não foi pregado um evangelho condescendente, nem Paulo foi ao templo da deusa Diana propor aos sacerdotes uma programação conjunta. Ao condenar a idolatria entre os corintos, ele não titubeou em dizer com todas as letras que “eles sacrificavam é a demônios e não a Deus” (1Co 10.20).
O pecado deixou de ser chamado pelo seu nome. Temos medo de chamar o pecado de pecado. Isso espanta e ofende as pessoas. Pecado, transgressão e culpa, são palavras que estão desaparecendo do vocabulário evangélico. Nenhum televangelista fala disso, pois afeta negativamente as contribuições e afasta os simpatizantes. Alguém me disse certa vez: “Eu não pequei, pastor, apenas dei vazão aos meus impulsos naturais”. Então tá.
Há um medo de se dizer que Jesus é “o” caminho e não “um” dos caminhos. Teme-se ofender aos espíritas, aos sacerdotes dos cultos afro, teme-se ofender o Dalai Lama ou o bispo-primaz da cidade. Argumenta-se que há pessoas boas em todas formas de religião. De fato há… mas mesmo assim elas precisam de Cristo. Quando Paulo chega em Filipos encontra Lídia, uma vendedora de púrpura, mulher boa, piedosa, temente… mas não conhecia Jesus. Paulo não titubeia e a converte anunciando-lhe o Salvador.
Em tempos de apostasia, a palavra “conversão” é muito forte; adesão a uma igreja fica melhor. Hoje, não se converte, adere-se a um movimento. Porém, mesmo na apostasia Deus manterá um povo remanescente fiel, que não se dobrará. Perceberemos em breve que a verdadeira Igreja de Cristo não é constituída por milhões, mas trata-se de um “pequenino rebanho”, e quem pertence a este rebanho não se rende ao mercado religioso, não transige com o pecado, não se vende, não faz concessões. Espero que você faça parte desta igreja.
Pr. Daniel Rocha