Tente outra vez

Esque­cen­do-me das cou­sas que para trás ficam e avan­çan­do para as que dian­te de mim estão” (Fp 3.13)

Nes­te ano que pas­sou você foi um incom­pre­en­di­do em suas ações? Seus ges­tos gera­ram mais dúvi­das que cer­te­zas, mais con­fu­são que har­mo­nia? Não desis­ta, ten­te outra vez.

Hou­ve alguém que te decep­ci­o­nou, te mago­ou? Não se reco­lha no incon­for­mis­mo e na decep­ção, que são as res­pos­tas fáceis que a nos­sa alma encon­tra. Ten­te outra vez.

Você parou por con­ta da per­ple­xi­da­de? Este é um esta­do de espí­ri­to comum. Mas veja: mes­mo que você este­ja “per­ple­xo, não desa­ni­me” (2Co 4.8). Por­tan­to, ten­te outra vez.

Se você tem algo a dizer, diga, mes­mo que não te ouçam. Deus orde­nou a Eze­qui­el: “Tu lhe dirás as minhas pala­vras, quer ouçam, quem dei­xem de ouvir” (Ez 2.5 ). Às vezes nos sen­ti­mos como João Batis­ta – cla­man­do num deser­to. Se fize­rem ouvi­dos mou­cos, não dê tan­ta impor­tân­cia a isto – fale outra vez.

Per­mi­ta-se sair do pro­ble­ma, ado­te uma nova pos­tu­ra, veja sob a pers­pec­ti­va da águia, tome cer­ta dis­tân­cia. Não é isso que Deus pro­me­teu? Que aque­les que con­fi­am no Senhor reno­var-se-ão… cor­re­rão… voa­rão como águi­as e não se can­sa­rão? O pior que se pode fazer é mer­gu­lhar de cabe­ça no pro­ble­ma. É doen­ça na cer­ta. Abs­traia-se dos pro­ble­mas, e ten­te outra vez.

Se nes­te ano o seu mila­gre não che­gou, você está em boa com­pa­nhia. Nem João Batis­ta nem José do Egi­to tive­ram mani­fes­ta­ções espe­ta­cu­la­res em suas vidas. Eles nun­ca mar­ca­ram data para mila­gre che­gar, no entan­to, sem­pre se con­si­de­ra­ram aben­ço­a­dos e ampa­ra­dos por Deus. Sai­ba que a vida de mui­ta gen­te se desen­ro­la­rá sem gran­des inter­ven­ções sobre­na­tu­rais, sem mila­gres coti­di­a­nos. Para esses, a vida é uma cons­tan­te cer­te­za que Deus sem­pre está presente.

Ao cren­te é per­mi­ti­do tudo, menos desis­tir: “se retro­ce­der, nele não se com­praz a minha alma”, diz o Senhor (Hb 10.38). Per­ple­xo, aba­ti­do, cho­ro­so, sem for­ças, sim. Parar e estag­nar, não. “Diga ao povo que mar­che”, orde­nou o Senhor a Moi­sés, pois con­ti­nu­ar cami­nhan­do é a mai­or pro­va de fé que pode­mos demons­trar a Deus.

Desis­tir é a nos­sa gran­de ten­ta­ção. Tudo o que não dá cer­to, tudo o que frus­tra ou decep­ci­o­na nos empur­ra para a deso­la­ção. Por­tan­to, não se ape­que­ne, não diga que enfren­ta gigan­tes e você é um gafa­nho­to (Nm 13.33). Não pare no tem­po, não pare dian­te da per­ple­xi­da­de, e aci­ma de tudo, não olhe para trás! Há vidas estag­na­das por­que o refe­ren­ci­al está no pas­sa­do – nas decep­ções, nos des­ca­mi­nhos e nas feri­das — e não onde Cris­to está. Olhar para trás é ter “fixa­ção” pelo pas­sa­do, é ser diri­gi­do pelos fan­tas­mas que assom­bram a vida, é sofrer de TOC (Trans­tor­no Obses­si­vo-Com­pul­si­vo) e de “tique”: tique ner­vo­so, tique reli­gi­o­so, tique afetivo.

Pau­lo enten­de das coi­sas, pois o Espí­ri­to lhe ilu­mi­na a men­te; por isso ele insis­te para que dei­xe­mos “as coi­sas que para trás ficam” (Fp 3.13).

Um novo ano que se ini­cia não resol­ve magi­ca­men­te o pro­ble­ma de nin­guém, mas pode ser uma opor­tu­ni­da­de de re-come­çar. A huma­ni­da­de não con­ta seus dias line­ar­men­te – senão esta­ría­mos no dia 732.190º depois de Cris­to – mas vive­mos em ciclos que nos aju­dam a mar­car a vida, a regis­trar os momen­tos fes­ti­vos, as cele­bra­ções, as datas come­mo­ra­ti­vas que nos per­mi­tem repe­tir ritos na vida, que tem gran­de impor­tân­cia sim­bó­li­ca para a alma.

Viver não é acu­mu­lar dias. Quem assim faz cor­re o peri­go de acu­mu­lar entu­lho emo­ci­o­nal no cora­ção. Re-come­çar é a opor­tu­ni­da­de que Deus con­ce­de para ini­ci­ar­mos uma gran­de faxi­na na alma e nos livrar­mos de todos os detri­tos que insis­tem em “gru­dar” no nos­so ser.

Não des­per­di­ce seus dias, mas peça para Deus te encher de sabe­do­ria para apren­der a con­tá-los, e assim alcan­çar cora­ção sábio (Sl 90.12). E pare de se con­do­er tan­to – como se o seu caso fos­se úni­co no mun­do. E con­ti­nue tentando.

Pr. Daniel Rocha

Pr. Dani­el Rocha

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