Hoje é um dia muito especial, pois teremos o privilégio de celebrar a Ceia do Senhor, oportunidade na qual rememoramos o sacrifício de Jesus Cristo, a expressão máxima do amor de Deus por toda a Criação. Por esse ato, celebramos a vida eterna concedida por Jesus a todos nós. Entretanto, mais uma vez iremos celebrar a Ceia num formato muito peculiar, pois nossa comunhão se dará on-line, em razão das restrições impostas a todos pela pandemia. Desse modo, somos levados hoje a refletir sobre a vida em duas perspectivas: a temporal e a eterna.
Essa reflexão nos remete a pensar em outro cenário que também parece unir opostos, assim como a vida temporal e a vida eterna. Estamos falando do Reino de Deus. Como sabemos, a família de Jesus vem de uma linhagem real. José, Seu pai, era descendente do Rei Davi (Mt 1:11–6) e, portanto, Jesus poderia, a qualquer momento, reivindicar o trono de Israel. Com o nascimento do Messias, ressurgia entre os judeus a esperança da restauração do seu reino. No entanto, Jesus frustrou as expectativas dos poderosos ao morrer na cruz do Calvário. Afinal, como poderia o rei de Israel ser crucificado? Contudo, é na ressurreição que temos a “instauração” do Reino de Deus.
Durante Sua vida e Seu ministério, Jesus estabeleceu as bases do Reino de Deus. As atitudes e a pregação do Mestre sinalizaram o que Deus desejava e continua desejando para toda a Sua Criação. Os fundamentos foram lançados e até a inauguração aconteceu. Mas podemos dizer que vivemos no Reino de Deus? Um mundo com uma pandemia como a que estamos vivendo parece um reino divino?
Teologicamente, dizemos que se trata do “já” e do “ainda não”. O Reino de Deus já é uma realidade, mas ainda não está concretizado. Por isso, mesmo que o Reino instaurado por Jesus seja uma verdade, há muito ainda por ser feito, e nós fomos incumbidos dessa tarefa. Deus criou todas as coisas, idealizou um reino perfeito e pleno, mas o pecado adentrou no mundo e as trevas tomaram conta desse reino. Entretanto, a luz veio ao mundo para iluminar e dar esperança de que aquele reino de paz, justiça e alegria poderia ser restaurado. E foi isso o que Jesus fez. A nós nos cabe a missão de sermos luzeiros do Senhor, sob a capacitação e unção do Espírito Santo. Temos a tarefa de sinalizar e concretizar o Reino de Deus nesta vida temporal, com os olhos na eternidade.
Neste tempo presente, de tantas perdas e frustrações, precisamos de uma perspectiva da eternidade, ou seja, há uma vida plena e abundante, há um Reino sem injustiças e doenças e, por meio do sacrifício de Jesus, já podemos desfrutar, ainda que parcialmente, dessa realidade. Por isso, precisamos olhar para o eterno, cuidando do temporal. A vida eterna precisa ser vivida aqui e agora, para que todos saibam que há algo que vai além das limitações, dores, temores e perdas da vida temporal.
Que possamos aproveitar o tempo duro que estamos vivendo para buscar sabedoria e graça, a fim de que o Reino de Deus possa ser sinalizado em nossos lares, no seio de nossas famílias. Onde quer que estejamos, que possamos permitir que a luz de Cristo brilhe em nós e através de nós, para que a vida eterna ressignifique a vida temporal.
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin