John Wesley, fundador do movimento metodista, declarou certa vez que Deus levantou o povo metodista para “reformar a nação, particularmente a Igreja, e espalhar a santidade bíblica por toda a Terra”. Sim, a doutrina da santificação é muito importante para nós metodistas. Nosso pensamento doutrinário crê que a santificação é o processo pelo qual somos transformados e, uma vez que nosso caráter, nossos valores e princípios estejam convertidos aos de Cristo, transformamos o meio onde estamos, a começar pela Igreja, alcançando todo o mundo.
A afirmação de que devemos ser santos em geral espanta as pessoas. Isso ocorre pela equivocada interpretação que alguns dão à santidade, de que se trata de um estado de total ausência de pecado. Contudo, a santidade é muito mais um processo, uma caminhada durante a qual, a cada dia, buscamos dar lugar à ação do Espírito Santo na nossa vida. Santidade tem como base a mudança de vida; é a busca diária pela morte da nossa carne e pela vivificação do nosso espírito, o que de fato é desafiador.
Em linha com a declaração de Wesley, uma das melhores definições de santidade que me foi apresentada até hoje é a defendida pelo bispo metodista Paulo Lockmann: “A santificação bíblica não é conhecer uma série de preceitos, mas praticar a vontade de Deus (…). Também podemos dizer que a santidade bíblica se manifesta em nossa vida de duas formas: a santidade pessoal e a santidade social comunitária. Embora sejam de dimensões diferentes, uma não existe sem a outra”.
Portanto, santidade vai além de um mero cumprimento de uma lista do que pode ou não pode. À medida que me separo, que me consagro diariamente ao Senhor buscando viver o fruto do Espírito, meu caráter e minha vida são transformados. Com base na santidade que é gerada em minha vida e por meio dela, meus ambientes familiar, profissional e social são em geral transformados. Deus não criou o ser humano para tornar-se um fim em si mesmo, um ser inerte, que deseja apenas receber o tempo todo. Na verdade, somos um canal da ação transformadora do Espírito Santo.
O “problema” em pregar sobre isso está no fato de que a busca pela santidade depende em parte do esforço humano. Ser santo não é uma habilidade ou uma condição natural. É Deus que faz de nós santos, “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Fl 2:13). “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4:3). Deus deseja a nossa santificação e é Ele próprio quem gera esse desejo e também o realiza. Mas há uma parcela do processo de santificação que depende do ser humano. Deus nunca invade a vida das pessoas nem as obriga a nada. Elas precisam dar a Ele liberdade para agir em seus corações. E, mais do que isso, é necessário que elas tenham consciência da sua condição pecaminosa e desejem profundamente mudar, sabendo que quem muda sua vida é Deus.
Por isso, a santidade não é algo impossível de ser vivido, pois quem a promove é o próprio Deus. Ele não Se coloca apenas como parâmetro, mas como gerador dessa obra de transformação. A nós nos cabe desejar e buscar intencional e intensamente a santidade, a qual vem por meio da nossa consagração diária.
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin