O Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) é responsável por realizar diversas pesquisas para apontar a preferência da população nos mais diversos segmentos da sociedade, pesquisas que vão desde a preferência por um programa televisivo até a intenção de voto para presidente da República. Não é de nosso conhecimento que em algum momento o Ibope tenha feito uma pesquisa específica para saber o que os fiéis gostam de ouvir dos pregadores. Contudo, se observarmos aquilo que se prega nos veículos de comunicação, perceberemos que o tema santidade definitivamente não dá ibope, pelas razões apresentadas na edição anterior.
Dentro da lógica do mercado midiático, falar aquilo que as pessoas não querem ou não gostam de ouvir é suicídio. O que sustenta a mídia são os anunciantes. Quanto mais pessoas estiverem acompanhando a programação, mais o produto ou serviço anunciado será visto e possivelmente consumido, resultando em lucro, muito lucro. Mas, se a programação/culto não agrada, muda-se de canal e pronto. Portanto, para garantir o público e os lucros, a programação/culto tem de ser atrativa.
Tal mentalidade pragmática, gananciosa e herética estaria invadindo nossos templos? Quando vemos igrejas que não valorizam o estudo aprofundado da Palavra, que não favorecem o envolvimento e a participação das pessoas na obra, que vivem à base de campanhas, que não falam a verdade e deixam as pessoas aprisionadas e, principalmente, que não pregam arrependimento e mudança de vida, tais igrejas certamente estão contaminadas por essa mentalidade, que não tem absolutamente nada a ver com o Evangelho de Cristo.
O “problema” em pregar sobre santidade está no fato de que a sua busca depende em parte do esforço humano. Ser santo não é uma habilidade ou uma condição natural. É Deus que faz de nós santos, “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Fl. 2.13). “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (ITs. 4.3). Deus deseja a nossa santificação e é Ele próprio quem gera esse desejo e também o realiza. Mas há uma parcela do processo de santificação que depende do ser humano. Deus nunca invade a vida das pessoas nem as obriga a nada. Elas precisam dar liberdade a Ele para agir em seus corações. E, mais que isso, é necessário que elas tenham consciência de sua condição pecaminosa e desejem profundamente mudar, sabendo que quem muda sua vida é Deus.
Quem quer ouvir na televisão, em CD ou na igreja que é um pecador e que precisa se converter todos os dias (Lc. 9.23)? Quem quer sempre ser lembrado que sem Deus nada pode fazer (Jo. 15.5)? Quem quer ouvir que deve ser santo como Deus é santo (IPe 1.6)? Creio que são poucos os que querem viver a essência e a totalidade do Evangelho. Contudo, não se pode esquecer algo muito sério e alarmante: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12.14). Se as pessoas gostam ou não de ouvir sobre santificação não importa. O fato é que só os que a desejarem e a buscarem verão o Senhor.
Pr. Tiago Valentin