Pseudoevangelho

Ai da ter­ra e do mar, pois o dia­bo des­ceu até vós cheio de gran­de cóle­ra, saben­do que pou­co tem­po lhe res­ta” (Ap 12.12)

Ele veio para matar, rou­bar e des­truir. Sua obses­são é cons­pur­car e macu­lar tudo o que leva a ima­gem divi­na. Para atin­gir seus desíg­ni­os malig­nos, escra­vi­za, cega, seduz, vicia, enga­na e ator­men­ta impi­e­do­sa­men­te des­de a cri­a­ção do homem. Mas des­de que Cris­to habi­tou entre nós, o “fim dos tem­pos” che­gou (1Pe 1.20), e aqui­lo que vive­mos hoje já faz par­te das últi­mas coi­sas que devem acon­te­cer. Sata­nás, der­ro­ta­do na cruz, está cheio de cóle­ra, por­que sabe que o seu tem­po como o “deus des­te sécu­lo” está se esgo­tan­do rapidamente.

Ele reco­nhe­ce que o Evan­ge­lho é o poder de Deus para a sal­va­ção de todo o que crê (Rm 1.16), e por isso não se atre­ve a bater de fren­te com ele. Mas astu­to como é, pla­ne­jou um final dra­má­ti­co para a huma­ni­da­de. Valen­do-se de sua capa­ci­da­de de gran­de imi­ta­dor e fal­si­fi­ca­dor, urdiu um pla­no tene­bro­so. Esse mes­tre do ludí­brio, capaz até mes­mo de dis­far­çar-se na for­ma de “anjo de luz”, sabe que a men­ti­ra mais peri­go­sa é aque­la que mais se pare­ce com a ver­da­de. Por isso não ten­ta des­qua­li­fi­car o Evan­ge­lho, mas falsificá-lo.

A fal­si­fi­ca­ção do Evan­ge­lho é a der­ra­dei­ra far­sa de Lúci­fer, e sua lógi­ca é sim­ples e infer­nal: espa­lhar ”evan­ge­lhos” para todos os gos­tos, con­ce­der Deus de todos os tipos, dar entre­te­ni­men­to e pro­me­ter a todos satis­fa­ção ime­di­a­ta de suas neces­si­da­des: assim não per­gun­ta­rão pelo Eter­no. O Evan­ge­lho foi detur­pa­do para aco­mo­dá-lo ao gos­to das gen­tes. Vai lon­ge o tem­po em que a pre­ga­ção da fé era lou­cu­ra e escân­da­lo. O cris­tão dei­xou de ser sal e fer­men­to para se trans­for­mar em mas­sa. Não há mais cami­nho estrei­to, e car­re­gar a cruz não é mais necessário.

No pseu­do­e­van­ge­lho não há expec­ta­ti­vas a serem alcan­ça­das: tudo é satis­fei­to ins­tan­ta­ne­a­men­te. A pre­ga­ção é foca­da nas neces­si­da­des: de cris­to­cên­tri­ca tor­nou-se antro­po­cên­tri­ca. As dúvi­das foram eli­mi­na­das e há cer­te­zas e res­pos­tas pron­tas para todos os ques­ti­o­na­men­tos. Javé, que antes era o Mis­te­rium tre­men­dum, ago­ra é expos­to e dis­se­ca­do em púl­pi­tos trans­lú­ci­dos sob as luzes dos holofotes.

Nos arca­bou­ços do pseu­do­e­van­ge­lho apren­de­mos que…

• Deus é um deus mani­pu­lá­vel: ao cren­te cabe des­co­brir as “estra­té­gi­as” para dobrar-Lhe a vontade;

• usa-se o nome divi­no de for­ma vul­gar, com o intui­to de apa­ren­tar intimidade;

• homens se colo­cam como “geren­tes” de Deus, ins­ti­tuin­do pedá­gi­os para que o fiel rece­ba as bên­çãos dos céus;

• a eter­ni­da­de é con­fun­di­da com a temporalidade;

• Deus é inci­ta­do a aten­der capri­chos e conveniências;

• a exal­ta­ção a homens é cha­ma­da de glo­ri­fi­ca­ção a Deus.

Pseu­do­ve­van­ge­lho é uma nota fal­sa em cir­cu­la­ção que de tão bem fei­ta enga­na. Não há sur­pre­sa nis­so. O Espí­ri­to afir­ma expres­sa­men­te que, “nos últi­mos tem­pos”, alguns apos­ta­ta­ri­am da fé e obe­de­ce­ri­am a enga­nos engen­dra­dos nas tre­vas (1Tm 4.1).

Somen­te no Evan­ge­lho que sai da boca de Cris­to encon­tra­mos a vida eter­na. Não há faci­li­da­des no cami­nho do Rei­no. Lem­bre­mo-nos sem­pre que é Sata­nás quem pro­me­te satis­fa­ção ime­di­a­ta e ata­lhos faci­li­ta­do­res. Jesus pede-nos tão somen­te que car­re­gue­mos nos­sa cruz e crei­a­mos em Sua pre­sen­ça ao nos­so lado ape­sar de, ain­da que, e a des­pei­to de. Com­ba­ta o bom com­ba­te, com­ple­te sua car­rei­ra, e guar­de a fé.

Mara­na­ta, vem logo Senhor Jesus!

Pr. Daniel Rocha

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