Quero ser um cristão diferente. Não quero ser conhecido apenas como alguém que “não bebe, não fuma e não joga”. Isso é muito pouco. A “geração saúde”, que freqüenta as academias, come comida natural, não bebe e não fuma, e nem por isso esses jovens podem ser chamados de cristãos.
Também não me contento em ser chamado de crente por ter um modo diferente de me vestir. Durante muito tempo, no Brasil, a diferença que os crentes queriam mostrar era que eles se vestiam de uma maneira “esquisita”, e isso acabou tornando-se motivo de chacota e que em nada engrandecia o Reino. Com certeza, usar roupa de gosto duvidoso não faz de ninguém um cristão.
Também não me satisfaço com este modelo “gospel” que há hoje em dia. Bandanas, pulseiras e fitinhas de Jesus, carros que “pertencem” a Jesus, quinquilharias de Jesus. Sabe-se lá onde isso vai chegar. Tem muita gente ganhando rios de dinheiro empurrando esses “cosméticos” para o crente moderno. A grife “JESUS” tem vendido muito. Mas não adianta. Usar toda a parafernália do marketing “gospel” não faz de ninguém um cristão.
Pensei comigo: a moçada evangélica hoje está toda na Internet. E saí à busca de salas de bate-papo de evangélicos. Confesso que tentei inúmeras vezes, mas não consegui. Adentrava por assuntos sérios e relevantes da vida, e as respostas eram chavões o tempo todo. Não se pensa ou reflete… só se repete chavão do tipo “glóoooria”, “tá amarraaado”, “é tremendooo”, etc. Definitivamente, repetir chavões a todo o momento não faz de ninguém um cristão.
Quero ser um cristão diferente. Que não seja alienado da vida e de seus acontecimentos. Que saiba discutir e entender as questões existenciais, como a dor, a miséria, a sexualidade, a paixão, o amor. Quero ser um cristão que não vive acuado, com medo de tudo, vendo o diabo em toda a parte e querendo amarrá-lo a todo o momento. Ele foi derrotado na cruz, e eu não quero me tornar neurótico me preocupando com ele 24 horas por dia.
Quero ser um cristão que saiba falar de tudo e não apenas de religião, e que tenha, em todas as áreas, discernimento e sabedoria. Quero ser um crente que não tenha uma atitude conformista diante do mundo, do tipo “Deus quis assim…”, mas que eu seja um agente de transformação nas mãos do Eterno. De igual modo, não quero participar de nenhuma “marcha” pra Jesus, mas caminhar todos os dias do ano em amor espalhando o bom perfume de Cristo nos lugares que eu for. Será de muito maior proveito.
Que a minha diferença não esteja na roupa, mas na essência: coração bom, olhos bons. Que cria os filhos com liberdade e responsabilidade, apenas corrigindo-lhes quando necessário, para que cresçam e desabrochem toda a criatividade que Deus lhes deu. Quero ser um crente que faça diferença no mundo e que eu seja reconhecido como um cristão pelo que “sou” e não por aquilo que “não faço”. Quero ser um cristão simpático aos outros, agradável, piedoso, que se entristece com a dor do próximo, mas que também se alegra com o seu sucesso.
Não quero ter de falar a todo instante que sou crente, apenas para que os outros saibam, mas quero viver de tal modo para que eles percebam Cristo em mim.
Pr. Daniel Rocha