Crer em Jesus nos leva a viver numa perspectiva diferente daquela de quem não crê n’Ele. Certa vez ouvi um testemunho de um recém-convertido que me chamou muito a atenção. Ele dizia que, depois que passou a ir à igreja e entregou sua vida a Jesus, suas dívidas financeiras não diminuíram e seus conflitos e lutas continuaram do mesmo jeito que antes, mas, apesar disso tudo, agora ele tinha paz.
A princípio, crer em Jesus não acaba com todos os nossos problemas, mas nos faz enxergá-los e enfrentá-los com outro olhar, um olhar de serenidade, confiança e esperança, fruto de uma paz que é inexplicável. Essa foi a promessa de Jesus a Seus discípulos, quando Ele os preparava para Sua partida, conforme relatado no capítulo 14 do Evangelho de João.
Nessa passagem, Jesus inicia Seu discurso dizendo: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim” (Jo 14:1). Isto é, Ele alerta os discípulos para que não fiquem com o coração perturbado, mas tenham fé n’Ele, assim como têm em Seu Pai. Jesus diz isso para tranquilizá-los, pois já previa a própria morte e não queria deixá-los desamparados. Por isso, também os conforta, afirmando que o consolo viria do Espírito Santo (Jo 14:16). Portanto, diante da morte e da separação, Jesus exorta os discípulos a ficarem em paz. E afirma que essa paz viria d’Ele próprio – uma paz que não pode ser oferecida, proporcionada ou manifestada a partir de critérios, lógicas ou princípios naturais; uma paz que o mundo não é capaz de nos dar (Jo 14:27).
Quem crê e vive com Jesus, ainda que sofra perdas, passe por lutas, conflitos e até mesmo diante da morte, pode sentir uma paz que é experimentada e vivenciada mesmo em meio à guerra.
Jesus faz questão de distinguir a paz que Ele nos dá daquela paz que vem do mundo. A palavra “paz” em português se origina do termo pacem, que em latim significa absentia belli (ausência de guerra). Portanto, a ideia de paz está ligada a um estado em que não há nenhum conflito; ou seja, só se pode ter paz quando não há guerra. É fato que a ausência de guerra pode ser um sinal muito concreto de paz. Mas o que Jesus pode fazer por nós não se limita a um cenário humano e concreto. Ele é capaz de nos dar paz mesmo quando tudo vai mal.
Parece-me que o apóstolo Paulo entendeu e experimentou essa paz transcendente. Ao interceder pelos irmãos e irmãs de Filipos, ele finaliza sua carta dizendo: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus” (Fp 4:7). A paz que Jesus nos dá vai além da razão, do contexto e da lógica. Ao entregarmos nossas vidas a Jesus e caminharmos dia a dia com Ele, essa paz vai sendo gerada e renovada constantemente.
Que a paz de Cristo, que excede todo o entendimento e não pode ser encontrada em nenhum lugar deste mundo, nos dê esperança, graça e força para vencermos todas as batalhas da nossa vida!
Na paz do Senhor,
Rev. Tiago Valentin