“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2:42, 44).
No Boin de 17 de fevereiro de 2013, abordamos as três conceitos que serão enfatizados na caminhada missionária de nossa igreja: Santidade, Avivamento e Crescimento (SAC). Tais conceitos têm base bíblica sólida. O crescimento, em particular, é alcançado por meio de ações concretas e é de fácil aferição, mas santidade e avivamento são estágios que o indivíduo e a comunidade podem ou não atingir. Não há um indicativo palpável que nos comprove se alcançamos a santidade ou se somos avivados. Tampouco há uma ação específica que nos leve a essas condições. Precisamos tomar uma série de novas “velhas” iniciativas para viabilizarmos e alcançarmos a santidade e o avivamento.
Por meio das mensagens, estudos e pastorais deste boletim, procuramos demonstrar que estamos vivendo um tempo de análise e avaliação da nossa caminhada missionária. Nossa igreja, assim como boa parte das igrejas protestantes, por conta da secularização, da lógica de mercado e do racionalismo, acabou se desviando da proposta bíblica original sobre o que é ser uma comunidade-igreja. A base da igreja primitiva, aquela que está descrita nos relatos de Atos dos Apóstolos, nos indica que havia três elementos essenciais para a sua existência e para que ela cumprisse seu papel: Palavra, Oração e Comunhão (POC).
Visando viver plenamente o conceito que reúne Santidade, Avivamento e Crescimento, iremos investir intensamente em Palavra, Oração e Comunhão como elementos essenciais e promotores de uma autêntica vivência cristã. Por mais impressionante que possa parecer a POC deixou de ser prioridade na vida da Igreja. Ao lermos Atos 2, percebemos que o “ser igreja” se constituía em viver aquilo que é o mais básico no exercício da nossa fé. Havia perseverança na doutrina dos apóstolos; ou seja, o ensino da Palavra e a busca por sabedoria a partir daquilo que Deus podia oferecer eram bases da igreja primitiva. Havia também perseverança na oração. Aliás, cabe aqui um comentário sobre a nossa comunidade local. Ao verificarmos nossa agenda semanal e de eventos, constatamos com facilidade que a oração não está em primeiro plano, nem mesmo em segundo. Não estou dizendo que não haja pessoas de oração em nossa igreja, pelo contrário. É porque existem pessoas assim que a igreja ainda está de pé. Mas, atualmente, enquanto comunidade, não gastamos mais do que três horas semanais em oração.
O texto bíblico está impregnado de comunhão. Havia partilha, cumplicidade, solidariedade. Havia alegria em estar juntos. O que nos santifica é uma intensa e verdadeira busca a Deus, que se dá basicamente por meio do estudo e do exercício da Palavra, bem como por uma vida de oração (e jejum), em que orar e conversar com Deus passam a ser a mesma e única coisa. Mas é na comunhão que Deus se revela de maneira mais palpável. Nada se compara a experimentarmos a graça e o amor de Deus por meio da vida de um(a) filho(a) seu(sua). Quando há busca por vida no Deus da Vida, a vida da igreja é renovada, os pecados são confessados, as barreiras são destruídas, os preconceitos e prejulgamentos dão lugar à tolerância e à empatia e o foco se volta para as vidas, e não para a estrutura da igreja. O que precisamos fazer para crescer em qualidade, em quantidade e espiritualmente nada tem a ver com um programa ou uma estratégia de crescimento, mas sim em viver a essência do Evangelho. Ou, se for o caso, em voltar a vivê-la.
Do amigo e pastor,
Pr. Tiago Valentin