“Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois. (João 13.7)
Jesus lavou os pés dos seus discípulos. Pedro, sem compreender a princípio o propósito daquele gesto, não quis permitir que o Mestre se humilhasse diante dele daquela forma. Respondeu-lhe, então, Jesus: “o que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois”.
Quem pode explicar o que Deus está fazendo em sua vida agora? Quem pode compreender a natureza dos acontecimentos que nos sobrevêm? É impossível ao homem dissecar os propósitos do Senhor: seus caminhos são inescrutáveis. Diante dEle toda lógica é loucura, toda segurança é fraqueza, todo conhecimento é ignorância. Não nos é dado saber no momento o significado dos acontecimentos.
Somos ignorantes dos propósitos divinos. Nunca sabemos antecipadamente os planos que Deus tem para nós, a menos que o Espírito nos revele. Mas deve ficar bem claro que seja de fato o Espírito de Deus falando, e não o espírito do homem. O Senhor manifesta seu desagrado contra os que pregam a sua própria palavra e afirmam: “Deus disse” (Jr 23.31). O profeta que tem sonho conte‑o “como apenas sonho” (Jr 23.28), nada mais.
O que fazer, então, com as profecias das quais muitas vezes somos objetos? Não faça nada. Receba as palavras, medite nelas e guarde-as no coração, como fez Maria (Lc 2.19). Se for de Deus, e estiver de acordo com o espírito da Palavra, haverá de se cumprir. A maioria delas só o tempo confirmará se veio do Alto ou do coração humano.
Entretanto, muito crente imaturo corre atrás de revelações para suas vidas. O perigo está que ele pode viver mais dependente delas (que podem falhar) que na Palavra de Deus que não falha nunca. Parece-me que quanto mais neófito na vida cristã a pessoa é, mais inclinada se sente a buscar tais coisas. São as mesmas inseguranças existentes nos pagãos que buscam certezas na vida através de previsões – não importa de onde venham.
Nos caminhos de Javé não há certezas. Não há garantias que tudo o que nos acontecerá será bom aos nossos olhos. Ao contrário, nos caminhos do Senhor sobram perplexidades: a doença do filho, o resultado positivo do exame, o fim do relacionamento, a promoção negada…
Diante dAquele que é Insondável, nada quero saber. Diante do Rei me calo. Se aquilo que prego ou falo, vem de meu finito ser, não tem valor algum. Nenhuma palavra ou pregação pode ser boa se do Alto não lhe for dada. Por isso pouca relevância tem a retórica convincente, a impostação de voz, frases de efeito, bordões triunfalistas, ou promessas mirabolantes. Se não provém de Deus, mas vem de almas adoecidas, das estratégias de marketing ou da psicologia de massa, por mais belo e agradável que seja, trata-se de lixo, com embalagem cristã, mas ainda assim inútil.
O que Deus faz – ou permite que se suceda – escapa de nossa compreensão. Jó nunca soube da reunião no céu que o deixou pobre, enlutado e ferido de tumores malignos desde a planta do pé até ao alto da cabeça. Ele não compreendeu os “porquês”, mas reconheceu que vem de Deus tanto o mal como o bem (Jó 2.10).
Na verdade nunca sabemos ao certo o que é de fato “bem” ou o que é de fato “mal” nos acontecimentos. Quantas situações choramos no passado, murmuramos contra Deus e duvidamos que Ele estivesse presente, e hoje confessamos satisfeitos que Ele sempre esteve no negócio.
Portanto, amados irmãos, aconteça o que acontecer, fiquem firmes no Senhor. Deus é aquele que pode transformar até mesmo coisas ruins em coisas boas e “tornar o mal em bem” (Gn 50.20).
O que Deus está fazendo em sua vida não é compreensível agora. Aguarde um pouco mais.
Pr. Daniel Rocha