Seu mundo caiu, a doença chegou, a oração não vingou, a esperança falhou? Mas você ergueu a cabeça, enxugou as lágrimas e agradeceu a Deus pela vida? Bem-vindo à fé.
Os vizinhos questionam: “O teu Deus, onde está?”, e quando você ora, costuma pedir: “Senhor, ajuda-me na minha falta de fé”? Então saiba que você foi admitido a um restrito grupo de pessoas espalhadas pelo mundo afora, que nos últimos dois mil anos se uniram em torno de uma cruz.
Esqueça aquela visão do “venha pra Jesus e diga adeus aos seus problemas”. Jesus nunca prometeu que elas acabariam, mas pediu que tão somente crêssemos Nele.
Confesso que é bastante tentador viver a fé no modo condicionante, à maneira de Jacó: “Se Deus for comigo, e me guardar na jornada… e me der pão para comer… e me der roupa para vestir… e eu volte em paz para casa, então o Senhor será o meu Deus” (Gn 28.20–22). Ou seja, Jacó apresentou um “pacote” a Deus pedindo a Sua presença, proteção, roupas, provisão, e sucesso na empreitada… aí então, o Senhor seria o seu Deus. É a fé que coloca Deus contra a parede.
Somos “Jacós” modernos, e fazemos lá nossas propostas para arrancar algo de Deus, numa clara demonstração que ainda não compreendemos muita coisa do seu amor. Não se impressione com os testemunhos na TV de gente que tirou a “sorte grande” com Deus. Pra cada um que vai lá falar, há milhares que estão virando as costas ao Eterno por Ele não ter “cumprido” sua parte. Mas isso jamais será mostrado.
Tudo vai dar certo? Não, nem tudo vai dar certo! Coisas ruins podem acontecer a pessoas boas. Habitamos um mundo decaído, onde a morte, as doenças, e a injustiça podem resvalar em nós.
O profeta Habacuque nos leva para uma trilha dos que já compreenderam o amor de Deus. É a fé dos que não precisam de provas constantes da fidelidade divina, é a fé dos que perderam, mas na derrota ganharam, é a fé dos que nada tem, mas vivem como se tivessem tudo, sendo pobres enriquecem a muitos, e aquietam-se confiantes mesmo diante do silêncio dos céus. Amar ao Eterno também é compreender a Sua aparente ausência e os seus “nãos” para a nossa vida. Sim, é isso: aos nossos olhos, fracassaram, perderam. Aos olhos da fé, venceram.
A palavra-chave na vida desses cavaleiros da fé não é “se”, mas “ainda que”: Ainda que a figueira não floresça… ainda que não haja fruto na videira… todavia, eu me alegro no Senhor.
Normalmente ficamos nos perguntando o porquê de certos acontecimentos, se é ação do Mal ou contingência da vida… mas como tentar explicar “racionalmente” alguma coisa se a própria bíblia diz que “há justo que perecerá na sua justiça, e há perverso que prolongará os seus dias na perversidade” (Ec 6.15)?
Quando Paulo diz que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”, esse “bem” não significa necessariamente vida confortável, riqueza ou saúde, mas um “bem” que não está restrito à nossa limitada e finita visão material… Charles Spurgeon sofreu de gota e artrite a maior parte de sua vida, Calvino de uma dor de cabeça crônica, e Lutero lutava diariamente contra a depressão.
Quando você orar, não espere que somente as coisas exteriores sejam passiveis de mudança. Possivelmente a resposta de Deus já foi dada, e não foi mudado “lá fora”, mas “dentro” de você.
No mundo sempre haverá aqueles como Jacó que crerão em Deus somente se forem “abençoados”. Há os como Habacuque que não se importarão e dirão sob quaisquer circunstâncias: “ainda que”, pois têm consciência que nada neste mundo, nem morte, dor, doenças, solidão, incompreensão, poderá nos separar do amor de Cristo.
Deus é sensível aos mais leve movimento do coração em sua direção. Faça isso agora. Ele se agrada dos que esperam por Ele.
Pr. Daniel Rocha