Deus deu uma direção para nossa igreja em 2021, que é priorizarmos as vidas e privilegiarmos os relacionamentos em detrimento de eventos, atividades e tudo que não tenha como alvo principal cuidar das pessoas. A pandemia nos privou, durante um longo e duríssimo período, do nosso espaço de comunhão por excelência, que é o templo, e não pudemos realizar a maioria das atividades que estavam previstas. Além disso, as ações e projetos da igreja ficaram muito limitados. A única coisa que nos “sobrou” foram os laços, as amizades, os relacionamentos.
De certa forma, Deus nos fez enxergar que, de tudo que experimentamos na igreja, o que realmente permanece são os relacionamentos que estabelecemos. Diante da impossibilidade de realizar eventos e atividades presenciais, pudemos perceber o quanto estar com as pessoas nos faz falta. Muitos chegaram à saudável conclusão de que não são os eventos ou as atividades, mas sim as vidas envolvidas nesse processo e nesse contexto que realmente são importantes.
Nesse sentido é que Deus tem nos chamado a realinhar o nosso coração com o d’Ele, pois o coração do Pai está voltado para as vidas e, se o nosso coração estiver n’Ele, consequentemente também estará voltado para as vidas.
É importante lembrar que, durante todo o Seu ministério, Jesus manteve um foco indissolúvel: alcançar vidas, todas as vidas, pois cada vida era – e é – importante para Ele, desde a da mulher com fluxo de sangue até a da filha de um poderoso fariseu. O conteúdo da pregação de Jesus confrontava em cheio todas as esferas de poder que oprimiam o povo. Suas palavras de libertação, de cura, de restauração e de amor inevitavelmente afrontavam o sistema político, cultural, econômico e religioso do Seu tempo. Contudo, o foco de Jesus nunca foi combater as estruturas ou instituições então vigentes. Sua missão era – e continua sendo – tocar o coração das pessoas com Suas palavras e atitudes, pois uma pessoa transformada inevitavelmente provoca a transformação da sua realidade.
A Igreja, por sua vez, recebeu uma herança maravilhosa: a de reproduzir o ministério de Jesus. Portanto, a missão da Igreja é ir ao encontro de todos e todas, expondo-lhes ao Evangelho, que liberta e transforma. Uma vez alcançadas, as pessoas são acolhidas pela Igreja, que posteriormente as envia de volta ao mundo como discípulos e discípulas para testemunhar os sinais da Graça que liberta e transforma vidas e realidades.
Nosso maior desafio neste tempo de retomada das atividades presenciais é não cairmos na tentação de voltarmos ao “velho normal”. É preciso lembrar que Pedro, diante da decepção e da frustração com a morte de Jesus, tomou uma decisão retrógrada: resolveu voltar a pescar peixes, desalinhando-se daquilo que Jesus lhe havia proposto. Essa é uma tendência natural do ser humano: diante de situações de desconforto ou de desajuste, optar pela zona de conforto, voltando às práticas que lhe eram usuais.
Não foi por acaso que Deus nos orientou a focar nas vidas em 2021. Por isso, é tempo de persistirmos na direção do Senhor para nossa igreja. Precisamos tomar muito cuidado para que nossa energia, nosso tempo e nosso foco não sejam direcionados para o lugar errado. Não somos pescadores de peixes, mas sim de homens!
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin