Mania de grandeza (1ª. Parte)

Uma coi­sa que me cha­ma mui­to a aten­ção e me intri­ga ao mes­mo tem­po é quan­do eu ouço o rela­to de pes­so­as que fize­ram supos­tas “regres­sões”. Eu nun­ca vi alguém dizen­do que des­co­briu pela “regres­são” que, no pas­sa­do, era um escra­vo, um cam­po­nês, ou um ser­vi­çal. Todos que “vol­tam” ao pas­sa­do des­co­brem que foram reis, impe­ra­do­res, pes­so­as pode­ro­sas e influ­en­tes. Bem, para uma pes­soa que crê em reen­car­na­ção, não cus­ta mui­to tam­bém crer que já foi alguém mui­to impor­tan­te. Afi­nal seria um gran­de pre­juí­zo para quem mani­pu­la a cha­ma­da “regres­são” dizer ao cli­en­te que no pas­sa­do ele não pas­sa­va de um mero desconhecido.

Essa intro­du­ção ser­ve para ilus­trar o tema cen­tral des­ta pas­to­ral: pes­so­as com mania de gran­de­za. Esse fenô­me­no psi­co­ló­gi­co, assim pode­mos clas­si­fi­cá-lo, diz res­pei­to ao com­por­ta­men­to de pes­so­as que bus­cam e mui­tas vezes agem como se esti­ves­sem numa posi­ção mais ele­va­da do que aque­la em que real­men­te está e tam­bém, de pre­fe­rên­cia, aci­ma daque­les com quem con­vi­ve. Alguns ape­nas expres­sam tal com­por­ta­men­to por meio de seu dis­cur­so, enquan­to outros colo­cam em prá­ti­ca essa ilu­são, adqui­rin­do bens que mui­tas vezes nem podem pagar, pois estão fora da sua rea­li­da­de finan­cei­ra, mas ser­vem como um estan­dar­te para mos­trar seu sta­tus e poder. É cla­ro que esses casos extre­mos podem até ser clas­si­fi­ca­dos como patológicos.

O mais sur­pre­en­den­te, porém, é quan­do vemos pes­so­as com “mania de gran­de­za espi­ri­tu­al”. Sim, isso exis­te! Falo inclu­si­ve da minha clas­se. Há mui­tos pas­to­res, das mais dife­ren­tes deno­mi­na­ções, que têm séria mania de gran­de­za. Vemos por aí dis­cur­sos e ações do tipo: “Vamos cons­truir o mai­or tem­plo do mun­do”, “Vamos ter a igre­ja com mai­or núme­ros de célu­las” ou “Vamos ser a igre­ja que paga o mai­or salá­rio de pas­tor” – essa últi­ma bem ten­den­ci­o­sa, é claro!

Mas não exis­tem ape­nas clé­ri­gos com mania de gran­de­za. Isso tam­bém ocor­re entre a mem­bre­sia. Alguém can­ta bem na igre­ja, e logo dizem que essa pes­soa tem um cha­ma­do espe­ci­al, que tem de gra­var um CD, que tem de fazer suces­so; alguém pre­ga bem, e logo já é cota­do para ser o mai­or mis­si­o­ná­rio da his­tó­ria; se a pes­soa que gri­ta “gló­ria a Deus” e “ale­luia” mais alto que outros, é sufi­ci­en­te para ser cha­ma­do de homem de Deus ou mulher consagrada.

Pri­mei­ro temos de abrir mão urgen­te­men­te des­ses mode­los pre­de­ter­mi­na­dos e enla­ta­dos que a mídia gos­pel anda ven­den­do. Os cris­tãos, em lar­ga esca­la, estão sen­do coi­si­fi­ca­dos e mode­la­dos à ima­gem e seme­lhan­ça de um Mamon que tem gra­va­do­ra, gri­fe, canal de tele­vi­são, Bíblia, artis­tas e shows, tudo com o “selo” gos­pel, para dizer que é de cren­te (Mt. 7:15), mas que nada tem a ver com a cren­ça cristã.

Em segun­do lugar, temos de ter cla­re­za de que não há espa­ço na igre­ja, e mui­to menos no cris­ti­a­nis­mo, para mania de gran­de­za. Isso por­que Aque­le que é o fun­da­men­to da nos­sa fé e nos­so ver­da­dei­ro mode­lo, Jesus Cris­to de Naza­ré, em nenhum momen­to quis ou bus­cou ser gran­de, pois Ele sabia que gran­de era ape­nas um: seu Pai.

Pr Tiago Valentim

Com cari­nho e esti­ma pastoral,
Pr. Tia­go Valentin

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