Vivemos um tempo de verdades cinzentas, um tempo em que as pessoas têm muita dificuldade de dizer o preto no branco. Todas as verdades são válidas e nenhuma delas é mesmo verdadeira! Parece que está tudo meio nebuloso, não há clareza de ideias e posicionamentos e a noção de certo e errado está sendo relativizada ao extremo. Ao perguntamos a alguém se determinada atitude é errada, logo vem a resposta: “Ah, mais ou menos”.
Hoje, ainda – repito, ainda – a pedofilia (perversão que leva um indivíduo adulto a se sentir sexualmente atraído por crianças) é considerada errada e definida como perversão. Contudo, um argumento muito usado atualmente para justificar expressões afetivas e sexuais diferentes é que toda forma de amor é válida. Ou seja, se há amor, tudo vale. Pois bem, o que nos garante que, amanhã, um insano qualquer não passe a advogar, por exemplo, que um homem de 30 anos de idade pode, sim, relacionar-se com uma menina ou um menino de 10 anos, pois eles de fato se amam e, porque se amam, podem manter uma relação. Perdoem-me pelo exemplo bizarro, mas, quando tudo é “mais ou menos”, nada nos garante que amanhã a pedofilia não possa ser considerada mais ou menos perversão.
O que fazer diante de um mundo tão conturbado, onde tudo é relativo, onde não há mais verdades absolutas? Devemos buscar algo que balize nossas escolhas e posicionamentos, algo que nos dê um referencial de vida e conduta. Para nós cristãos, o que deve balizar nossa caminhada é a Palavra de Deus. A Bíblia nos oferece todos os referenciais de que precisamos para ponderarmos nosso modo de vida, nossa moral e nossos valores.
Para os relativistas e progressistas de plantão, isso é um grande perigo, pois, na opinião deles, a Bíblia aliena e emburrece as pessoas. Tal defesa desmoraliza e desmerece a Palavra de Deus. Num tempo em que as pessoas gostam tanto de variados tons de cinza, dizer que a verdade está num livro preto no branco parece mesmo desinteressante.
Concordo que, de fato, se fizéssemos uma leitura e uma aplicação fundamentalistas da Bíblia, teríamos que decepar uma das mãos e arrancar um dos olhos de muitas pessoas que pecam com suas mãos ou olhos, conforme prediz o texto bíblico. Concordo também que, para vivermos a Palavra de Deus, precisamos interpretá-la e contextualizá-la à luz do tempo em que vivemos. Contudo, nada do que nela está contido deve ser desprezado, pois toda a Bíblia nos apresenta a verdade tal qual precisamos para sermos libertos, perdoados e salvos.
Historicamente, a igreja cristã vem sendo o fiel da balança da sociedade. Quando tudo pode ou nada pode, a igreja entra com seu testemunho e vivencia a Palavra para trazer equilíbrio. O que vemos hoje é uma sociedade amoral, fútil e superficial. Por isso, seria mais do que necessário que a igreja conduzisse a todos para um ponto de equilíbrio. Entretanto, o que temos visto, infelizmente, são igrejas evangélicas dando mau testemunho e fazendo uso da estrutura pecaminosa da sociedade para tirar proveito das pessoas.
A igreja e cada um de nós – que, na prática, somos a igreja – só poderemos tornar este mundo melhor aos olhos de Deus quando levarmos a sério Sua Palavra; pois, enquanto nós também acharmos que “é mais ou menos pecado”, enquanto formos apenas mais um dos muitos tons de cinza, enquanto nossos valores, atitudes e escolhas forem as mesmas de quem não é cristão, nossas vidas serão insípidas e sem nenhum valor.
Deus nos deu uma missão: cheios do Seu poder, devemos testemunhar a Jesus Cristo com atitudes e palavras, a fim de que o Seu Reino seja concretizado. Para isso, temos de ter clareza de que não existe pecado mais ou menos e declarar, sem medo, que é Jesus ou o Diabo, é o céu ou o inferno, é o pecado ou a santidade.
Do amigo e pastor,
Rev. Tiago Valentin