Talvez as pessoas não saibam o quanto esse mal é perigoso. O melindre corrompe, causa dissensão e engano. Costuma-se dizer que todo mundo é um pouco melindroso. Afinal, todos nós somos suscetíveis a nos ofendermos pelos mais diferentes motivos e isso faz parte da natureza humana. O que nos preocupa é quando a pessoa transforma essa suscetibilidade em hábito, ou seja, está o tempo todo se sentindo ofendida, por qualquer motivo que seja.
Uma passagem bíblica que comprova e ilustra bem o perigo do melindre está em Atos 15:36–40. Nesse trecho, Paulo e Barnabé se separam, ao que parece por um motivo banal: um queria levar João Marcos na viagem missionária que fariam e o outro não. O motivo do embate aparentemente não era tão significativo para gerar tamanha discordância, mas uma coisa é certa: a reação a ele foi incompatível e desproporcional, especialmente por se tratar de dois missionários reconhecidos e respeitados pela igreja. Puro melindre.
Pois bem, o melindre sempre causa problemas, especialmente para quem tem de administrá-los. Nós, pastores, gastamos muito tempo buscando solucionar questões críticas surgidas por melindres. Os motivos são os mais variados e fúteis possíveis. No entanto, mais do que os motivos dos melindres, o que nos espanta é quem se queixa deles, pois, invariavelmente, é gente como Paulo e Barnabé, com um longo tempo de igreja e posição de destaque na comunidade. São pessoas das quais sempre esperamos um comportamento acima da média, marcado pela maturidade e pela sobriedade. Mas, infelizmente, não é o que costuma acontecer.
A pessoa melindrosa é também insegura, imatura e egoísta, precisa sentir-se valorizada o tempo todo, apega-se a fatos e situações mínimas e irrelevantes e enxerga as coisas sob uma única perspectiva: a dela.
O melindre, se não for controlado, pode conduzir a pessoa ao pecado, pois quem se sente injustiçado e é melindroso tende a procurar “fazer justiça”. Como interiormente a pessoa sabe que não está correta, a única forma que ela encontra de “fazer justiça” também é incorreta – fazendo fofoca, julgando outras pessoas e suas atitudes e gerando discórdia e divisão no seio da igreja.
A única forma de deter o melindre é apresentá-lo a Deus como uma debilidade que precisa ser curada. Somente ao compreender o valor que Deus lhe dá é que a pessoa terá condições de valorizar as coisas que são de fato fundamentais, passando assim a minimizar situações que não têm tanta relevância para a sua vida ou para a comunidade. Jesus veio para nos libertar de todo espírito de inferioridade e de vitimização.
Paulo amadureceu e, mais tarde, reconsiderando sua posição, recomendou João Marcos para ser um auxiliador de Timóteo em Éfeso (2 Tm. 4:11). Que, assim como Paulo, possamos caminhar rumo ao amadurecimento das nossas emoções e especialmente da nossa fé, pois todos nós, sem nenhuma exceção, podemos e devemos crescer.
Que Deus nos cure e nos livre de todo melindre, para que sejamos uma igreja cada vez mais saudável.
De alguém que também não gosta de melindre,
Pr. Tiago Valentin
Boa tarde, concordo plenamente nos últimos dias o que mais temos visto na igreja principalamente a frente da Liderança é crente melindre. Misericórdia! Senhor nos dê um coração maduro espiritualmente e forte para não ficarmos abatidos por qualquer motivo, nos dê a alegria da salvação! Amém!