“Como dizem as Escrituras Sagradas: ‘Eu fiz de você o pai de muitas nações’. Assim a promessa depende de Deus, em quem Abraão creu, o Deus que ressuscita os mortos e faz com que exista o que não existia” (Romanos 4:17).
Fé é um atributo necessário à vida cristã e um recurso a ser empregado por diferentes razões. A primeira, e mais essencial, é que sem fé não podemos nem mesmo vivenciar uma experiência espiritual. Religião, ou ligar-se a Deus, pressupõe crença, fé.
A Bíblia, nosso principal referencial de fé, nos apresenta diversas finalidades, características e possibilidades de aplicação da fé. Mas a associação mais comum que fazemos com a fé é, sem dúvida, a de uma força de que dispomos para experimentar coisas extraordinárias e sobrenaturais.
A fé é, de fato, essa força motora que nos leva a viver numa perspectiva que transpõe a realidade presente e material, levando-nos a pensar em categorias transcendentes e espirituais. E o “mundo espiritual” não se detém nas limitações e lógicas naturais.
Contudo, um equívoco muito comum está presente quando falamos de fé: muitas pessoas associam fé com irresponsabilidade. Parece que, ao desafiarmos as pessoas a terem fé, estamos propondo a elas escolhas, atitudes e uma vida de irresponsabilidade. A lógica arrevesada que muitos usam é a seguinte: “Como Deus vai fazer algo sobrenatural, eu posso abusar, agir inconscientemente, ser imprudente”. Ora, a fé não pode ser considerada um salvo-conduto para a irresponsabilidade.
Ao escrever para os cristãos em Roma, o apóstolo Paulo faz diversas exortações, entre elas a de que a salvação vem pela fé. Dentro desse argumento, ele destaca a importância da fé na história do povo de Deus, fazendo uso do maior referencial de fé para os judeus, que é Abraão. Por isso, Paulo relembra a experiência de paternidade de Abraão e Sara, os quais, já avançados em idade, tiveram Isaque. Com isso, Paulo esperava que os romanos lembrassem dessa história e que a fé deles fosse alimentada. Paulo segue dizendo que a fé não deve ser em algo vazio ou direcionada a um deus que não pode atendê-los, mas, sim, em um Deus específico, que dá vida a quem está morto. Ali, Paulo diz que devemos crer no Deus verdadeiro, que ressuscitou Seu Filho demonstrando Seu poder e graça.
Portanto, a fé tem bases sólidas e concretas e a história evidencia e comprova a ação de Deus. Além disso, não devemos crer em nós mesmos ou na nossa capacidade de realização, mas, sim, no Deus que pode todas as coisas. Tal postura nos levará a vivenciar uma fé contextualizada e referenciada para, aí sim, experimentarmos a dimensão extraordinária da fé, aquilo que Deus faz e não tem lógica, razão ou explicação, pois Ele traz à existência aquilo que não existia.
Que essa fé, a qual nos torna pessoas seguras, maduras e coerentes com nossa crença, nos leve a experiências extraordinárias no ordinário da vida. E que nunca nos esqueçamos que sem fé é impossível agradar a Deus.
Na fé do Senhor,
Rev. Tiago Valentin