Na contramão do mundo

Não sei se você teve a mes­ma per­cep­ção que eu, mas a impres­são que tenho é de que se inten­si­fi­ca­ram mui­to nas últi­mas sema­nas notí­ci­as trá­gi­cas, tris­tes e cho­can­tes. Cor­rup­tos denun­ci­an­do cor­rup­tos, estu­pros cole­ti­vos, aten­ta­dos ter­ro­ris­tas, a sen­sa­ção que temos é de que o mun­do está de cabe­ça pra bai­xo. Os níveis de into­le­rân­cia, de ódio, de insen­sa­tez, de agres­si­vi­da­de das pes­so­as pare­cem estar che­gan­do ao seu limi­te máxi­mo. Há um cli­ma de ten­são no ar.

Por isso, tor­na-se urgen­te a pre­sen­ça e a ação efe­ti­va daqueles(as) que foram res­ga­ta­dos das tre­vas para a luz, daqueles(as) que esco­lhe­ram tri­lhar o cami­nho estrei­to, daqueles(as) que foram trans­for­ma­dos pela gra­ça de Deus. O após­to­lo Pau­lo, em seu tem­po, enten­deu que, a par­tir da trans­for­ma­ção que pas­sa­ra, deve­ria ter uma prá­ti­ca de vida dife­ren­te em meio às cir­cuns­tân­ci­as nas quais ele esta­va inse­ri­do. Ou seja, dian­te de um mun­do tão con­tur­ba­do, ele se sen­tia no dever de ser dife­ren­te e de fazer a diferença.

Na sua car­ta à igre­ja em Roma, ele pro­põe um dos desa­fi­os mais sur­pre­en­den­tes con­ti­dos na Bíblia: “Não vos vin­gueis a vós mes­mos, ama­dos, mas dai lugar à ira, por­que está escri­to: Minha é a vin­gan­ça; eu recom­pen­sa­rei, diz o Senhor. Por­tan­to, se o teu ini­mi­go tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; por­que, fazen­do isto, amon­to­a­rás bra­sas de fogo sobre a sua cabe­ça. Não te dei­xes ven­cer do mal, mas ven­ce o mal com o bem” (Rm 12:19–21). “Resu­min­do”, o que Pau­lo está dizen­do é o seguin­te: “Façam dife­ren­te das outras pes­so­as; andem na con­tra­mão do mundo”.

Ten­te ima­gi­nar se todo cris­tão e cris­tã abris­se mão de qual­quer sen­ti­men­to ou inten­ção de vin­gan­ça, fos­se solidário(a) com quem pas­sas­se por qual­quer tipo de neces­si­da­de, mes­mo que fos­se seu ini­mi­go, e, prin­ci­pal­men­te, retri­buís­se sem­pre o mal com o bem. Como seria a nos­sa cida­de, o nos­so país, o mun­do? Pois bem, o Bra­sil deve­ria ser um óti­mo país em todos os sen­ti­dos, uma vez que qua­se 90% da popu­la­ção bra­si­lei­ra se diz cris­tã. Mas não é o que acon­te­ce. Pode­mos até supor que o mai­or mal da nos­sa nação é a inco­e­rên­cia ou omis­são dos que se dizem cris­tãos e deve­ri­am ser dife­ren­tes e fazer a diferença.

O desa­fio que Pau­lo pro­põe aos roma­nos – e a nós tam­bém – está fir­ma­do no prin­cí­pio que ele mes­mo colo­ca no iní­cio do capí­tu­lo 12 de Roma­nos, quan­do diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela com­pai­xão de Deus, que apre­sen­teis os vos­sos cor­pos em sacri­fí­cio vivo, san­to e agra­dá­vel a Deus, que é o vos­so cul­to raci­o­nal. E não sede con­for­ma­dos com este mun­do, mas sede trans­for­ma­dos pela reno­va­ção do vos­so enten­di­men­to, para que expe­ri­men­teis qual seja a boa, agra­dá­vel, e per­fei­ta von­ta­de de Deus” (Rm 12:1–2). Sem uma entre­ga total e ver­da­dei­ra de todo o nos­so ser ao Senhor, ine­vi­ta­vel­men­te toma­re­mos a for­ma do mun­do que aí está, tor­nan­do-nos into­le­ran­tes, agres­si­vos, corruptos.

Cada homem e cada mulher que se diz ser de Deus pre­ci­sa dar sinais ou, con­for­me a expres­são bíbli­ca, fru­tos que evi­den­ci­em essa fili­a­ção a Deus Pai. O mun­do só será dife­ren­te à medi­da que entre­gar­mos dia­ri­a­men­te nos­sas vidas ao Senhor, per­mi­tin­do que Ele nos trans­for­me. E assim anda­re­mos na con­tra­mão do mun­do, sen­do trans­for­ma­dos e geran­do transformação.

Pr Tiago Valentim

Do ami­go e pastor,
Rev. Tia­go Valentin

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