“O Natal é uma festa pagã”. Repetidas vezes temos ouvido isto de alguns setores evangélicos, que procuram anatemizar o Natal, demonstrando sua origem pagã, seus símbolos controversos, seu desvirtuamento, a escolha do 25 de dezembro, etc.
Um dos argumentos usados contra a comemoração do Natal é sobre sua “origem”, ou seja, segundo eles, tratava-se originalmente de uma festa dos povos pagãos, quando se iniciava o solstício de inverno, até que o imperador Constantino converteu-se ao cristianismo, passando então, a comemorar-se o Natal a partir do século IV.
Aos meus olhos, entretanto, o Natal tem uma origem bem anterior, mais precisamente alguns séculos antes de Constantino, quando numa noite escura um anjo do Senhor desceu aonde pastores guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite, e disse a eles:
-“Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor” (Lc2.10–11)
Deus estava ali enviando um mensageiro dos céus para dizer que estava ocorrendo o maior acontecimento da humanidade: nascia aquele que haveria de redimir as nações, aquele que veio trazer luz às trevas, aquele que haveria de mudar completamente nossa história. E para mostrar a grandiosidade do acontecimento, um grande coral da milícia celestial apareceu no céu, iluminando a noite escura, louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus nas alturas…”
É pouca coisa isso? Não é um evento digno de ser comemorado por todos aqueles que crêem? Ora, a Igreja é a comunidade de fé que celebra a Cristo e Seu Reino! A igreja é, por excelência, um local de celebrações: enfeitamos nossas igrejas para os casamentos e convidamos os irmãos para os aniversários. É na igreja que comemoramos o Dia de Pentecostes, o Dia de Ação de Graças, o Dia do Pastor, o Aniversário da Igreja, as Bodas de Prata e de Ouro de nossos membros, os 15 anos da filhinha…
Creio que por uma questão de coerência, os que defendem a não comemoração do Natal, também devem deixar de celebrar essas datas.
Nós vivemos dos acontecimentos cotidianos, mas também de acontecimentos especiais e marcantes em nossas vidas, vivemos de memórias e celebrações. Sem a lembrança das coisas passadas, dos eventos alegres e significativos, tornamo-nos duros, secos, e esquecemo-nos dos feitos do Senhor. O salmista nos ensina: “Recordarei os feitos do Senhor, sim, me lembrarei das tuas maravilhas” (Sl 77.11).
O nascimento do Salvador foi ansiosamente aguardado por todo o AT. Esse dia, para os antigos, foi tão sonhado, que os profetas o celebraram por antecipação. E porque nós não haveríamos de comemorar o cumprimento dessa grandiosa promessa?
Obviamente não concordamos com a comemoração que o mundo faz do Natal. Por não reconhecer a Cristo como Senhor e Salvador não tem o direito de se apropriar desta data. Agora, se o mundo comemora o Natal de forma errada, cabe a nós, Igreja, mostrar o verdadeiro sentido da comemoração, e não suprimi-la. É como jogar fora a água suja com a criança dentro.
Outro argumento muito usado contra a celebração do Natal é relativo à data de 25 de dezembro. “Não sabemos se Jesus nasceu realmente nesse dia”, irão dizer.
É um argumento bastante fraco. Não vejo impedimento que uma data dedicada a uma celebração pagã (“Sol Invictus”, no calendário romano) seja transformada numa celebração cristã. Particularmente, ficaria muito feliz se uma conversão em massa do nosso país transformasse o Carnaval em uma grande festa de crentes que agora celebrariam, não mais a carne, mas ação do Espírito Santo em suas vidas. Alguém se oporia? Paulo, quando esteve em Atenas, não teve pudores ao dizer que “O DEUS DESCONHECIDO” que os atenienses adoravam era precisamente o Cristo que ele estava anunciando!
Agora, já não é mais o Sol Invictus dos pagãos, mas Jesus, o Sol da nossa justiça. É a vitória do cristianismo sobre o paganismo, da luz sobre as trevas.
Com relação ao fato de 25 de dezembro não ser a data real do nascimento de Jesus, não impede que comemoremos seu natalício. Há pessoas que desconhecem sua real data de nascimento, mas comemoram seu aniversário em outra data. E nem por isso a comemoração é menos verdadeira ou sem sentido.
Eu e minha família proclamamos a Cristo o ano inteiro, e a partir do domingo do Advento iluminamos nossa casa com luzes coloridas, no dia 24 participamos da Cantata de Natal, ceamos, e no dia 25 reunimo-nos todos numa abençoada tradição familiar. Por que? Porque Cristo nasceu um dia em nossas vidas, nos sustenta e nos abençoa. Os símbolo e enfeites que, no passado, apontavam para falsos deuses, hoje, entretanto, apontam para um só: Cristo!
Um feliz natal a todos que crêem no Senhor Jesus!
Pr. Daniel Rocha